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Ciência & Saúde

Explorando o Ponto Nemo: o cemitério de espaçonaves no Oceano Pacífico

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Você já parou para se perguntar para onde vão todos aqueles satélites e espaçonaves que, após cumprirem suas missões, são oficialmente descartados pelas agências espaciais?

Pois bem, muitos deles vão para o Ponto Nemo, uma área extremamente isolada no Oceano Pacífico que se tornou um “cemitério” de lixo espacial. Em 2031, esse lugar deve receber sua carcaça mais famosa: a Estação Espacial Internacional.

Situado ao sul da Ilha de Páscoa, o Ponto Nemo (ou “Ponto de Inacessibilidade do Pacífico”) é o local mais distante de qualquer terra firme em que você pode estar no nosso planeta. A massa de terra mais próxima fica a 2.700 km, mas são só algumas ilhotas não povoadas.

Se você jogar as coordenadas (45°52’36.0″S 123°23’36.0″W) no Google Maps, verá apenas o azul do mar. O lugar é tão isolado que o autor de terror H.P. Lovecraft escolheu o Ponto Nemo como o antro terrestre onde reside seu monstro cósmico, Cthulhu.

Além de isolado, o local também é profundo, com o leito marítimo localizado a cerca de 4.000 metros da superfície. Isso é o que o tornou atraente para a indústria espacial: jogar os detritos aqui significa que o lixo ficará longe de áreas povoadas e permanecerá inofensivo a muitos quilômetros da superfície.

Imagem da Localização do Ponto Nemo ou Polo oceânico de inacessibilidade.
Localização do Ponto Nemo no mapa-mundí. (Wikimedia Commons/Reprodução)

Desde a década de 1970, empresas e agências espaciais já depositaram quase 300 carcaças de lixo espacial no local. A Nasa, agência espacial americana, anunciou recentemente que ali será também o local de repouso da Estação Espacial Internacional, que será desativada em 2031. Pesando quase 420 toneladas, ela será o objeto mais pesado a ser “enterrado” ali.

Tirar esses artefatos da órbita terrestre e forçá-los a cair no mar é necessário para garantir que o espaço não fique entulhado demais. Atualmente, existem mais de 40 mil objetos de criação humana flutuando ao redor do nosso planeta e também, pelas contas da Nasa, meio milhão de pedaços de lixo. Isso inclui satélites desativados, pedaços de foguete e peças avulsas que se desprenderam de outros corpos maiores.

O lixo espacial está virando um problema: em março, um pedaço da EEI caiu numa casa da Flórida. E isso vai piorar, pois o ritmo de lançamentos de satélites está aumentando freneticamente, ao mesmo passo que novas empresas estão passando a explorar o espaço, como a SpaceX, e deixando seus rastros por aí.

Afundar as carcaças no Ponto Nemo (e também em outros dois lugares usados para essa finalidade, localizados nos Oceanos Índico e Atlântico) é, portanto, uma forma de não piorar esse problema. Muitas das partes acabam nem chegando ao oceano, pois queimam ao fazer a reentrada na atmosfera terrestre.

E a vida marinha?

Dito tudo isso, é de se questionar se esse descarte de lixo espacial no Ponto Nemo não afeta a vida marinha. A resposta é: praticamente não… porque já quase não há seres ali.

O Ponto Nemo está situado no Giro do Pacífico Sul, uma localidade que tem o dobro do tamanho da América do Norte e em cujo centro há pouquíssima corrente e quase nenhum vento. Por isso, a água é pobre em nutrientes, o que impede a formação de um ecossistema vibrante. A situação é tão feia que nem mesmo a vida microscópica consegue sobreviver ali.

Portanto, esse deserto marinho acaba sendo um local ideal para um cemitério de espaçonaves e satélites. O impacto em ecossistemas é mínimo. Mas isso não significa que não há problemas: há estudos recentes que detectaram a presença de alumínio na atmosfera, o qual não poderia ter vindo da Terra ou de meteoritos. A explicação mais coerente é que vieram de pedaços de lixo espacial que fizeram a reentrada. Não se trata, portanto, de um crime totalmente sem vítima.

Fonte: abril

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