“A CISA recomenda fortemente que indivíduos altamente visados leiam e apliquem imediatamente as boas práticas descritas a seguir para proteger comunicações móveis”, afirma, com bold e tudo, um documento publicado pela Cybersecurity & Infrastructure Security Agency (CISA) no dia 18/12. “Indivíduos altamente visados devem assumir que todas as comunicações entre dispositivos móveis – incluindo aparelhos pessoais e do governo – e serviços de internet estão sob risco de interceptação ou manipulação.”
Em seguida, o documento aconselha utilizar “somente comunicações com encriptação end-to-end”. Ou seja: políticos e oficiais do governo americano não devem mais fazer ou receber ligações telefônicas, nem se comunicar por SMS (que ainda é bastante usado no país). Só devem se comunicar por meio de apps de mensagens e ligações que utilizem criptografia.
A recomendação é uma resposta ao que tem sido considerado o maior ataque hacker de todos os tempos. No começo de dezembro, a Casa Branca anunciou que um grupo havia conseguido acessar as redes internas de pelo menos oito grandes operadoras de telecomunicações dos EUA. As autoridades acusaram a China de estar por trás do ataque; o governo chinês negou, e disse que os EUA estavam “criando uma falsa narrativa” para incriminar o país.
Os EUA preparam uma retaliação ao suposto ataque chinês: anunciaram que a China Telecom Americas, que opera no país, representa um risco à segurança nacional. A empresa terá até a metade de janeiro para apresentar explicações – e, com ou sem elas, poderá ser expulsa dos EUA (onde ela fornece serviços de infraestrutura de rede).
Os hackers – sejam de onde forem – conseguiram acessar um sistema que normalmente é utilizado pelo FBI e por outras agências governamentais, e permite que as autoridades grampeiem as comunicações de uma pessoa (se ela for suspeita de algum crime, por exemplo). Ele dá acesso aos registros mantidos pelas operadoras de telecom e, em tese, só pode ser utilizado com mandado judicial, para evitar abusos.
Porém, no passado, agências do governo americano foram flagradas realizando operações de espionagem em larga escala, contra cidadãos dos EUA, sem mandado judicial. Em 2013, os jornais The Guardian e Washington Post revelaram que a National Security Agency (NSA) havia criado um programa secreto, o PRISM, que capturava enormes quantidades de dados da internet (o nome do programa, que foi iniciado em 2007, é uma referência ao prisma usado para copiar todos os dados que passam por uma fibra óptica).
Fonte: abril