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Ciência & Saúde

Estudo sugere que 22 pessoas seriam o número ideal para uma colônia em Marte

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A nova corrida espacial sonha com uma visita e (por que não?) uma estadia em Marte. Mas, para além dos recursos e investimentos monumentais para um projeto como esse vingar, qual teria de ser o tamanho da colônia para que ela conseguisse prosperar?

Recentemente, pesquisadores conduziram uma série de simulações para averiguar o tamanho ideal de uma futura base marciana. Segundo eles, bastaria colocar 22 indivíduos em uma colônia para mantê-la na ativa por quase três décadas.

O estudo, que ainda não foi revisado por outros cientistas (uma etapa importante da produção acadêmica), criou o modelo de uma colônia de Marte focado especificamente em quantas pessoas seriam necessárias para uma colônia viável. Para as simulações, a equipe presumiu que o assentamento já estivesse construído – e que alimentos, ar e água fossem produzidos em Marte. O trabalho dos inquilinos seria, basicamente, gerir o lugar e seus recursos.

“Temos quatro tarefas críticas e continuamente necessárias (ar, água, produção de alimentos e remoção de resíduos), além de lidar com possíveis desastres. Para cada tarefa são necessárias duas habilidades distintas, então escolhemos um tamanho populacional de 10 como o mínimo necessário para uma ‘colônia estável’,” escreveram os cientistas no artigo.

Os pesquisadores realizaram cinco testes, cada um simulando 28 anos terrestres de vida na colônia e testando diferentes quantidades de moradores iniciais. Eles perceberam que, começando com 22 ou mais, o número de habitantes raramente caia para menos de 10 nos anos seguintes. Óbvio que, com 170 pessoas no começo, a chance de cair para menos de 10 é bem mais baixa. 22 é o mínimo para que o flerte com a instabilidade não seja prejudicial.

Além de descobrir o tamanho mínimo inicial de uma base marciana, a equipe também analisou quais características provavelmente contribuiriam para o sucesso de tal colônia. 

Eles usaram questionários preenchidos por grupos a bordo da Estação Espacial Internacional ou por pessoas que viveram em bases no Ártico durante meses seguidos. Eles também levaram em consideração traços como resiliência ao estresse, habilidades sociais e grau de neuroticismo – traço de personalidade que mede o quão mal-humorado alguém pode ser.

Sem surpresas: aqueles com personalidades consideradas agradáveis tinham maior chance de sobreviver à missão e de manter a colônia próspera. 

Por outro lado, os “neuróticos” – definidos como indivíduos com alto grau de competitividade, características interpessoais altamente agressivas e pouca capacidade de se adaptar ao tédio ou uma mudança de rotina – tinham maior probabilidade de falhar e morrer mais cedo, pondo em risco o sucesso da missão.

O ponto fraco da pesquisa

O estudo esbarra em uma questão de planejamento complexa. Ao contrário de máquinas, não é possível saber exatamente como as pessoas vão agir em um ambiente como Marte. Claro, astronautas passam por treinamentos e testes para garantir sua aptidão ao serviço, mas as relações humanas são mais difíceis de prever do que a rota de um foguete em órbita.

Como preparação, a Nasa “lançou” um programa de teste em junho deste ano. O CHAPEA, sigla em inglês para “Análogo de Exploração, Saúde e Desempenho da Tripulação”, consiste em uma cabine de 160 metros quadrados em que 4 participantes passam por uma simulação de um ano da vida em Marte.

Nesse BBB científico, os pesquisadores simulam os desafios de uma missão humana no planeta vermelho, incluindo falta de recursos, falhas de equipamentos, atrasos na comunicação e outros fatores de estresse. Eles também esperam coletar dados sobre os impactos potenciais da missão na saúde e no desempenho da tripulação.

Fonte: abril

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