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Ciência & Saúde

Estudo revela: Wi-Fi supera velocidade do pensamento humano

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O cérebro humano tem cerca de 86 bilhões de neurônios que se emaranham e se comunicam de diversas maneiras. Mesmo após décadas de pesquisas em neurociência, muito do funcionamento cerebral ainda é um mistério para os especialistas. Um novo estudo aponta que a máquina potente que te permite ler esse texto é, na verdade, bem devagar. Pelo menos se for comparada com os dispositivos tecnológicos que criamos.

Segundo o ranking do SpeedTest, uma conexão de Wi-Fi média no Brasil tem velocidade de download de 183,56 megabits por segundo (mbps). Um megabit é igual a um milhão de bits. Um bit, por sua vez, é a unidade básica de informação, em que só há dois estados possíveis (sim ou não, ligado ou desligado, zero ou um).

Uma chamada telefônica, por exemplo, ocupa aproximadamente 64 mil bits por segundo. Nosso cérebro, por outro lado, pensa a apenas dez bits por segundo, de acordo com novos cálculos publicados em dezembro na revista Neuron.

“É um pouco como um contrapeso à interminável hipérbole sobre como o cérebro humano é incrivelmente complexo e poderoso”, disse Markus Meister, neurocientista e coautor do estudo, em entrevista ao The New York Times. “Se você realmente tentar colocar em números, somos muito lentos”.

Os autores chegaram a esse número após examinar artigos científicos sobre os feitos humanos de velocidade e, em seguida, aplicar métodos de teoria da informação para calcular a rapidez com que o cérebro processa os pensamentos nessas situações.

Pegue a velocidade de digitação. Digitadores profissionais conseguem teclar 120 palavras por minuto. Toda essa destreza manual acontece com um processamento cerebral de dez bits por segundo. Mesmo os reflexos cerebrais mais rápidos acontecem dentro dessa faixa.

Os sistemas sensoriais do corpo humano podem receber cerca de 10 mil mbps de estímulos. Mas, na hora de ser processado conscientemente, esse ritmo acelerado de troca de informações se torna relativamente lento. Nossos olhos podem captar uma visão ampla do ambiente que nos cerca, mas nosso cérebro se concentra em apenas uma pequena parte dele de cada vez.

A equipe se perguntou se a velocidade do pensamento humano poderia ser prejudicada pela anatomia do cérebro. Será que o corpo é simplesmente muito lento para a nossa linha de pensamento? Para eliminar essa possibilidade, os pesquisadores procuraram um passatempo menos intenso fisicamente: os campeonatos de resolução de cubo mágico com os olhos fechados. 

A atividade tem duas etapas: observar o cubo e mapear a solução, e depois colocar uma venda e girar as peças até que as faces estejam separadas por cor. A primeira etapa exige menos movimentos, e mesmo assim, o tráfego cognitivo chega a pouco menos de 12 bits por segundo, mais do que a média.

Foto de uma pessoa com um cubo mágico.
(Wikimedia Commons/Reprodução)

“Esse é um número extremamente baixo”, diz Meister, em comunicado. “A cada momento, estamos extraindo apenas 10 bits do trilhão que nossos sentidos estão captando, e usando esses 10 para perceber o mundo ao nosso redor e tomar decisões. Isso gera um paradoxo: o que o cérebro está fazendo para filtrar todas essas informações?”

Uma hipótese é que nossos corpos foram construídos para uma era mais lenta. A capacidade de operar com dez bits de informação por segundo foi suficiente para que nossos ancestrais sobrevivessem. Mas agora, o mundo digital muda em um ritmo muito mais rápido – ultrapassando a capacidade de pensamento de nossos sistemas fisiológicos.

Uma questão sobre a metodologia da pesquisa está justamente na necessidade de “consciência” das tarefas analisadas. Os pesquisadores consideraram ações deliberadas, deixando de fora os outros incontáveis processos cognitivos que ocorrem logo abaixo de nossa percepção. 

O cérebro continua trabalhando quando estamos em pé ou andando, sem pensar em nada. Se essa informação tivesse sido incluída no cálculo de velocidade da equipe, o cérebro “teria uma taxa de bits muito maior” disse Britton Sauerbrei, neurocientista que não participou da pesquisa, ao New York Times. No entanto, ele concorda com os autores do estudo que a capacidade cerebral envolvida em tarefas deliberadas transmite poucos dados. “Acho que o argumento deles é bastante sólido”, diz ele.

No final das contas, a velocidade não é tudo quando se trata de pensamento. Estudos demonstraram que diminuir a velocidade do processamento de informações pode ajudar a fixá-las no cérebro. Por exemplo: digitar é um jeito muito mais rápido de registrar textos do que escrever à mão, mas também é menos eficiente na fixação. 

Há algo na utilização de diferentes habilidades motoras e sentidos que ajuda o cérebro a trabalhar no máximo: estudos apontam que quem faz anotações à mão digere melhor os novos conceitos durante palestras, em comparação com os digitadores. Por mais acelerado que seja o ritmo da vida estabelecido pela tecnologia na era digital, algumas descobertas sugerem que existem bons motivos para sermos a tartaruga em vez da lebre.

Fonte: abril

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