Em setembro de 2020, uma missão espacial chamada OSIRIS-REx iniciou a coleta de amostras no asteroide Bennu, um companheiro de longa data da Terra que de seis em seis anos retorna para perto do nosso planeta. Três anos depois, em setembro de 2023, a cápsula retornou ao nosso planeta, e as amostras foram usadas por cientistas para estudar as propriedades e o passado do pedregulho.
A origem de Bennu ainda é desconhecida. O que se imagina é que ele foi formado a partir de pedaços de um asteroide maior, após uma colisão catastrófica, entre um e dois bilhões de anos atrás. De acordo com a Nasa, Bennu é um liga de prata e mercúrio, de rochas pouco compactadas e mal mantidas que se mantém unidas pela gravidade e outras forças.
Mas o que torna Bennu especial é sua riqueza em moléculas orgânicas. Os materiais parecem ter sido quimicamente alterados por água líquida em um passado distante, quando ele ainda fazia parte da rocha original.
Para cientistas, essas características de Bennu podem ajudar a responder perguntas sobre a origem do nosso planeta, como: de que modo a Terra passou a ter uma abundância de moléculas orgânicas e água líquida? Uma hipótese é que esses asteroides poderiam ter fornecido esse tipo de ingrediente para nós bilhões de anos atrás, por meio de colisões.
Dois estudos publicados nesta quarta (29) revelam que as matérias encontradas nas amostras de Bennu envolvem aminoácidos e todas as cinco nucleobases de DNA e RNA (adenina, guanina, citosina, timina e uracila), bem como sais que se formaram no início da história do corpo paternal do asteroide.
No artigo publicado na Nature, escrito por Timothy McCoy e seus colegas, cientistas reportam que sais minerais como fosfatos contendo sódio e carbonatos, sulfatos, cloretos e fluoretos ricos em sódio foram comuns nas amostras.
Em comunicado, a equipe conta que ficou surpresa ao encontrar vestígios de compostos de carbonato de sódio contendo água nas amostras de Bennu. Isso porque carbonatos de sódio (ou trona) nunca foram observados diretamente em nenhum outro asteroide ou meteorito.
Aqui na Terra, esses minerais ocorrem naturalmente em lagos evaporados que eram ricos em sódio. Por isso, cientistas acreditam que Bennu, um dia, era um corpo com influência da água líquida. Em entrevista à Super, McCoy disse que “essa concentração de água em bolsas de evaporação no asteroide sugere que mundos úmidos e lamacentos existiram no início da história do Sistema Solar.”
Além disso, o pesquisador nota que a descoberta revela que “a combinação do ambiente e dos ingredientes para a vida deve ter existido antes e de forma mais ampla do que pensávamos anteriormente – e não se limitou a planetas e luas maiores”.
O segundo estudo, publicado na Nature Astronomy, por Daniel Glavin e sua equipe, notou que milhares de moléculas orgânicas estavam presentes na amostra, incluindo 14 das 20 proteínas de aminoácidos encontradas na Terra. Como se o Bennu já não tivesse se provado extremamente legal, ele também apresentou 19 aminoácidos não proteicos raros ou ausentes na biologia conhecida e todas as cinco nucleobases biológicas.
As amostras também eram ricas em amônia e nitrogênio, que remetem à formação da pedra matriz, bilhões de anos atrás, em uma região fria fora do sistema solar. De acordo com McCoy, “o asteroide progenitor de Bennu deve ter se formado fora da linha de neve do Sistema Solar, que separa os planetas interiores ricos em rochas (Mercúrio a Marte) dos planetas exteriores ricos em gelo e gás (Júpiter para fora).”
Os estudos concluíram que Bennu é muito mais rico em matéria orgânica do que a biologia do nosso planeta. “A presença potencial de água, juntamente com nucleobases, levanta questões sobre o potencial de síntese orgânica prebiótica (o processo que cria os blocos de construção da vida), o que exigirá mais investigações”, concluem os autores em comunicado.
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Fonte: abril