Alguns meses atrás, um estudo sugeriu que a Terra já teve um anel de detritos, muito parecido com o de Saturno, 466 milhões de anos atrás. Agora, uma nova pesquisa sugere que nosso planeta não era o único cercado por um anel de rochas espaciais: nossa Lua também pode ter tido anéis – ou pode vir a ter.
Nenhum dos satélites naturais do Sistema Solar tem anéis atualmente. Mas o novo estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, defende que as luas poderiam manter anéis de detritos estáveis por um milhão de anos, mesmo com a atração gravitacional de outros objetos do Sistema Solar puxando as rochas para si.
A hipótese do estudo colabora para o mistério de por que nenhuma das luas do Sistema Solar têm anéis atualmente. Essas estruturas são relativamente comuns: Saturno é o exemplo mais famoso, com oito anéis principais, mas Júpiter, Urano e Netuno também contam com os círculos de detritos. Asteroides e planetas anões, como o astro em formato de ovo Haumea, também tem anéis. Há milhões de anos, a Terra e Marte provavelmente faziam parte desse grupo também.
Os sistemas de anéis dos planetas gasosos gigantes são mantidos por pequenas luas, que orbitam os planetas e exercem sua força gravitacional para manter as rochas e pedaços de gelo em posição. Apesar de seu papel essencial na manutenção das estruturas, nenhum estudo encontra anéis nas próprias luas.
Se pode acontecer, por que não acontece?
A ausência de anéis nas cerca de 300 luas do Sistema Solar intriga os cientistas. Se os satélites naturais também podem passar pelos processos físicos necessários para a criação de anéis de detritos, por que isso não acontece?
Para que um anel se forme, tudo que precisa acontecer é que detritos – que podem vir tanto do próprio objeto quanto de fora dele – comecem a orbitar um astro. As forças gravitacionais da linha equatorial dos corpos celestes vai, com o tempo, organizar os pedaços de rochas e gelo em um anel que circunda o planeta ou a lua.
Para um satélite natural, seria teoricamente fácil criar um anel, já que vários deles já foram muito atingidos por asteroides que liberam detritos. Mesmo assim, eles continuam sem anéis.
O estudo desenvolvido pelos astrônomos mostra, por meio de simulações computacionais, que um satélite natural poderia manter um anel estável durante um período de um milhão de anos, mesmo com a atração de outras luas e de um planeta em volta.
As simulações foram feitas usando cinco exemplos de satélites e planetas, incluindo a Lua e a Terra. Eles achavam que os cálculos mostrariam que os anéis seriam instáveis, já que nenhum nunca foi avistado. Mas não foi isso que os dados apontaram. A maioria dos conjuntos, incluindo a Lua e a Terra e Jápeto e Júpiter, manteve um sistema anelar estável.
No caso da nossa Lua, as chances de que um anel conseguiria ficar estável depois do desenvolvimento são de 95%. Por que, então, ela não tem um anel estável como os de Saturno?
A hipótese que os autores do estudo apresentam é que fatores não relacionados à gravidade, como a radiação do Sol e partículas carregadas dos campos magnéticos dos planetas, são os responsáveis pela desintegração de anéis que podem ter existido no passado.
Fonte: abril