Azul, amarelo e vermelho. Para os humanos, essas são as cores fundamentais que moldam nossa percepção do mundo ao nosso redor. No entanto, quando se trata de como as abelhas enxergam as cores, a realidade é bem diferente. Esses insetos têm uma visão que vai além do que o olho humano pode captar, e inclui a capacidade da identificação da luz ultravioleta (UV).
Os cones oculares, células sensoriais presentes na retina, são os responsáveis pela percepção de cores. Os humanos possuem três tipos de cones: um sensível ao azul (Cone S), outro ao verde (Cone M) e um terceiro ao vermelho (Cone L). Essa combinação permite a percepção de uma ampla gama de cores – abrangendo comprimentos de onda de aproximadamente 390 a 750 nanômetros (nm) – já que a mistura dessas respostas resulta nas diferentes tonalidades.
As abelhas, por outro lado, têm uma estrutura visual diferente. Elas possuem apenas dois tipos de cones, que as tornam sensíveis a comprimentos de onda mais curtos, abrangendo de 300 a 650 nm. Isso significa que elas não enxergam a cor vermelha, mas são capazes de perceber o espectro ultravioleta, invisível para as pessoas. Essa habilidade é crucial para a sobrevivência desses animais, que dependem da visão para localizar flores e, consequentemente, néctar e pólen – seus alimentos.
A visão desses insetos é adaptada para ajudá-los a encontrar flores. Muitas plantas apresentam padrões de cores ultravioleta que não são visíveis para os humanos, mas que se destacam para esses bichos. Esses padrões, muitas vezes, indicam “zonas de pouso”, guiando as abelhas, por exemplo, para as partes da flor onde o pólen e o néctar estão disponíveis.
O olfato desses insetos não é tão apurado para distinção de odores a distâncias muito grandes, por isso, por mais que seja possível que as abelhas tenham evoluído para enxergar as flores, o mais provável é que as flores tenham se adaptado para chamar mais atenção de insetos polenizadores e por isso têm padrões de cores ultravioleta tão bem definidos.
Além de distinguir cores, as abelhas são extremamente hábeis em perceber diferenças entre claro e escuro, o que as ajuda a identificar bordas e formas. Essa habilidade é vital para sua navegação e para evitar perigos, embora possam ter dificuldade em distinguir formas semelhantes com contornos suaves.
Karl von Frisch, etologista alemão estudou a visão das abelhas através de experimentos que envolviam treinamento. Um exemplo é o uso de comedouros com água com açúcar colocados ao lado de alvos coloridos. As abelhas rapidamente associam cores específicas, como o amarelo, a fontes de alimento, retornando a esses alvos mesmo quando outras opções estão disponíveis.
A análise dos fotoreceptores nos olhos das abelhas também ajudou Frisch a entenderem essa percepção de cores. Ao expor as abelhas a diferentes comprimentos de onda de luz e observar a atividade dos fotoreceptores, foi possível identificar quais comprimentos de onda são detectados pelas abelhas.
Se você ficou curioso para entender como seria um dia pelos olhos desses animais, o site Flores em Ultravioleta, mostra como as flores são vistas pelas abelhas, basta clicar no nome da espécie e ver a comparação. Para acessar o site é só clicar aqui.
A pesquisa foi publicada pela NC State University.
Fonte: abril