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Ciência & Saúde

Consequências do uso de água do mar em incêndios: o que você precisa saber

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Existem cerca de 1,33 bilhão de quilômetros cúbicos de água salgada nos oceanos da Terra. Esse número equivale a quase 98% do total da superfície coberta por água no mundo (mais ou menos 75% do globo).

Já a água doce não representa mais que 3% do total de volume de água do planeta. Mesmo assim, quando hectares de terra pegam fogo, é da reserva de água doce que saem os litros usados para apagar as queimadas. Existe algum motivo que impeça o uso da água salgada nessas situações?

A ideia não é distante. Os bombeiros da cidade de Los Angeles, por exemplo, têm usado água do mar para controlar os incêndios recentes.

O fogo que se espalha por Los Angeles desde o dia 7 de janeiro já é considerado o pior da história da cidade: as chamas já consumiram mais de 160 quilômetros quadrados, o equivalente a um décimo da área total de LA. É uma área maior que a cidade de Paris. Foram confirmadas 25 mortes decorrentes do fogo, cerca de 12 mil edificações incineradas e 88 mil moradores receberam ordens para evacuar suas moradias.

Em meio ao caos e a corrida contra o tempo para apagar o fogo, quando os ventos se acalmam, milhares de litros de água do mar são despejados em áreas de queimadas

A água marinha neste caso não é apenas uma solução simples, mas sim a única solução rápida. Considerando nossas necessidades, o Oceano Pacífico tem um armazém infinito de água, sem contar que o sal é um ótimo extintor de incêndio. 

Então, qual o problema? 

Para quem já passou alguns dias na praia, deve ter reparado que objetos de metal não sobrevivem bem à beira mar. A maresia (aquela mistura de sal e umidade no ar) corrói e enferruja todo metal que vê pela frente. Isso aconteceria com os equipamentos de bombeiros caso eles estocassem essa água. 

Para além disso, é necessário entender qual seria o impacto no solo das florestas após receberem tanto sal na terra (Beto Guedes não deixou estudos que avaliassem as consequências dessa ideia). 

Por mais que um pouquinho de sal não seja prejudicial para plantas (aliás, ele é um dos componentes de fertilizantes), quantidades abusivas do composto podem ter o efeito contrário, matando a vegetação. Os ecossistemas de Los Angeles não costumam se expor a tanta água do mar, então não é possível prever quais serão os resultados a longo prazo. 

O que dá para saber?

Estudos que avaliam as consequências do aumento do nível dos mares já vêm sendo desenvolvidos há anos. Por isso, já existem análises que abordam o impacto da água salgada em ecossistemas novos. 

Patrick Megonigal, ecologista de ecossistemas no Centro de Pesquisa Ambiental Smithsonian, lidera a pesquisa TEMPEST, que tenta compreender como as florestas costeiras historicamente isentas de sal reagem às suas primeiras exposições à água salgada.

Nos testes do experimento, água salgada da Baía de Chesapeake (EUA) foi aplicada no solo da floresta para simular a infiltração durante tempestades. Em 2022 e 2023, exposições de 10 e 20 horas feitas no experimento não causaram grandes impactos, embora os tulipeiros (um tipo de árvore) tenham mostrado sinais iniciais de estresse. Após uma exposição de 30 horas feita em 2024, as folhas dessas árvores começaram a secar mais cedo e o dossel se desfez mais rapidamente.

A resiliência inicial da floresta ocorreu devido à baixa salinidade e à chuva que lavou os sais. Em 2024, a seca fez os sais persistirem no solo, o que pode ter superado a tolerância das árvores à essas condições.

Cerca de um mês após a primeira exposição de 10 horas à água salgada em 2022, a água do solo ficou marrom e permaneceu assim por dois anos, devido a compostos à base de carbono lixiviados de material vegetal morto – um processo semelhante ao de fazer chá. Além disso, os experimentos em laboratório sugerem que o sal causou a dispersão de argila e outras partículas no solo, o que pode alterar sua química e estrutura por muitos anos.

A equipe de Megonigal está investigando os fatores que limitam a tolerância das florestas à água salgada e como os resultados se aplicam a ecossistemas como os da Califórnia, onde a água do mar e a seca intensificam os desafios.

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Fonte: abril

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