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Ciência & Saúde

Como peixes de mentira podem salvar recifes de coral: descubra como você também pode ajudar

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Os recifes de coral desempenham um importante papel para o equilíbrio do ecossistema marinho. Para você ter uma ideia, 32% das formas de vida aquáticas já catalogadas vivem dentro ou próximas a eles.

Não só: os recifes também protegem a região costeira contra tempestades, além de servirem de matéria-prima para novos medicamentosAo mesmo tempo, porém, são um dos ecossistemas mais ameaçados pelas alterações climáticas.

O aumento da temperatura nos oceanos mata as zooxantelas, algas com as quais os corais possuem uma relação simbiótica: os corais fornecem abrigo, nutrientes e CO2 para as algas, que devolvem mais nutrientes ao seu hospedeiro ao realizarem fotossíntese.

Sem as zooxantelas, os corais embranquecem, já que com as algas são responsáveis pela sua pigmentação, e podem morrer devido à falta de nutrientes. Pelo menos 14% dos corais de todo o mundo foram perdidos na última década, segundo um relatório de 2021.

E as coisas podem piorar: o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC) estima que até 90% dos recifes de corais de todo o planeta podem desaparecer até 2050 com um aumento de 1,5 ºC na temperatura global.

Diante desse cenário, são várias as pesquisas para tentar proteger esse ecossistema. E uma delas envolve passar a perna em alguns peixes. Mas com a melhor das intenções. Vamos explicar.

Uma das formas conhecidas para a restauração de corais danificados é aumentar a população de peixes no local. Os novos inquilinos trazem consigo nutrientes de outras regiões (e que, via fezes, ajudam a “adubar” o coral debilitado).

Peixes são do tipo que seguem outros peixes para conseguir comida. Um verdadeiro exemplo do efeito manada (ou, no caso deles, efeito cardume, rs). Para isso, costumam seguir o som de outros indivíduos.

O problema é que o branqueamento ou dano nos corais afasta os peixes, fazendo com que outros não se aproximem. É um efeito dominó, que transforma o recife num deserto. 

Para solucionar isso, pesquisadores começaram a utilizar técnicas de inteligência artificial para estudar o som de certas espécies de peixe. Por meio do aprendizado de máquina (“machine learning”), eles treinaram um programa com uma imensa de dados para que o software conseguisse detectar e reproduzir padrões. No caso, reproduzir os barulhos para atrair animais para os corais.

Uma equipe liderada por Ben Williams, biólogo marinho da University College London (e um dos autores do estudo) foi até a Indonésia estudar quatro diferentes tipos de corais: saudáveis, degradados, restaurados e recém-restaurados.

A cobertura vegetal dos corais varia dependendo do seu grau de degradação, e isso também afeta o som dos animais que vivem ali. Para detectar essas diferenças, a equipe treinou a IA com sons desses quatro locais. E deu certo: a taxa de acerto na identificação de cada recife foi de 92%.

O próximo passo agora é filtrar o sons desses peixes para depois aplicá-los nos corais, para assim, atrair outros peixes. Mas há um problema aí.

Ajude um pesquisador

Imagine que você precisa obter a voz de uma pessoa que está na arquibancada de um Corinthians x Palmeiras. O barulho é tanto (e vindo de diversas fontes) que é quase impossível conseguir detectar (e isolar) um único torcedor em meio ao caos.

No estudo dos corais, o raciocínio é quase o mesmo. Para as máquinas conseguirem replicar o som específico de cada peixe, é preciso primeiro filtrar esse barulho de todos os outros captados. Os pesquisadores possuem centenas de horas de áudio, mas poucas pessoas para examiná-los.

Felizmente, você pode ser uma delas.

O Google criou uma ferramenta que permite que qualquer um com internet consiga ouvir esses corais e ajudar na identificação dos sons dos peixes. Caso queira contribuir para salvar a Fenda do Bikini do Bob Esponja, a Grande Barreira de Corais do Nemo e tantos outros ecossistemas marinhos por aí, basta acessar esse link aqui.

Fonte: abril

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