Sim. O caminho mais plausível é partir de um vírus preexistente e modificar seu genoma para que ele ganhe ou perca certas habilidades bioquímicas.
Um jeito high tech de fazer isso é reescrever trechos do genoma do vírus usando algo análogo ao comando “copiar e colar” para manipular sequências de letrinhas de DNA ou RNA.
A capacidade de editar essas moléculas como se fossem arquivos de Word é um avanço bem recente, permitido por uma técnica chamada CRISPR/Cas9 (essa técnica é só o exemplo mais recente, vale deixar claro. Existem outros métodos de edição de material genético).
Um jeito mais tradicional é usar seleção artificial – uma simulação do processo de seleção natural darwiniano.
Imagine, por exemplo, que você deseja modificar um vírus de modo que ele se torne capaz de infectar camundongos (algo útil para os pesquisadores, já que esses são cobaias modelo para experimentos de laboratório).
Vírus se reproduzem muito rápido e geram um número espetacular de cópias de si mesmos. Sempre existe uma chance de que uma dessas cópias venha com erros. A maior parte dos erros é deletéria e impede a reprodução desses serezinhos minúsculos. Mas, volta e meia, por acidente, um erro acaba saindo melhor que a encomenda.
Pensando nisso, os pesquisadores podem criar uma “fazenda” de vírus in vitro e cultivá-los até que um deles desenvolva a mutação desejada para o estudo – neste caso hipotético, a capacidade de fabricar uma proteína que o permita invadir células dos ratinhos.
Também é possível, embora muito mais caro e difícil, montar um vírus completamente do zero – algo que é parte de uma área de pesquisa conhecida como biologia sintética.
Em 2002, por exemplo, um grupo de pesquisadores americanos conseguiu montar vírions da poliomielite em condições inteiramente artificiais. É evidente que esse tipo de pesquisa pode ser deturpada por terroristas e forças armadas com resultados potencialmente desastrosos – motivo pelo qual há severas limitações éticas à criação de patógenos.
Pergunta de @marcosramos.fm, via Instagram.
Fonte: abril