Pois é. Ele pode. É fato que nada é mais rápido que a luz. Mas esse limite de velocidade do cosmos, de acordo com as equações de Einstein, se aplica apenas ao movimento das coisas (como eu, você e a terra) que estão no espaço, e não ao espaço em si.
Para explicar como sabemos disso, imagine que o Universo é um panetone no forno, e as galáxias são as frutinhas. Conforme o panetone cresce, todas as frutas se afastam de todas as frutas. Mas note que a taxa de afastamento muda. Se o panetone dobrar de tamanho, duas uvas que estavam a 5 cm de distância vão ficar a 10 cm. E duas que estavam a 10 cm vão ficar a 20 cm. Até aí, óbvio.
Agora vem o pulo do gato: velocidade é relativa. Do ponto de vista de uma uva passa qualquer, as uvas passas mais próximas se afastam mais devagar, e as distantes, mais rápido.
Suponha que o panetone tenha demorado 20 minutos para dobrar de tamanho. A uva passa que estava a 10 cm se afastou a 2 cm por minuto. Já a uva passa que estava a 5 cm se afastou a apenas 1 cm por minuto. Se o panetone fosse do tamanho da Terra, a velocidade de afastamento entre uma uva passa na China e uma nos EUA seria da casa dos milhares de quilômetros por minuto.
No Universo, onde as distâncias estão na casa dos bilhões anos-luz, esse efeito faz com que as galáxias mais distantes de nós se afastem a velocidades maiores que a da luz. E lembre-se: nenhuma uva passa (galáxia) se moveu por conta própria. Elas só estão sendo levadas pela massa (espaço) ao redor.
Nós conseguimos determinar que as galáxias distantes estão se afastando por meio de um fenômeno chamado redshift (“desvio para o vermelho”, em português). Quando uma coisa está se movendo para longe de nós, a luz que ela emite precisa “se esticar” para compensar esse movimento alcançar nossos telescópios. Isso faz seu comprimento de onda aumentar. E como a luz mais comprida que existe é a vermelha, nós vemos astros distantes mais avermelhados.
Fonte: abril