A eventual descoberta de vida alienígena, por meio de sinais recebidos de algum ponto do Cosmos, teria conse-
quências profundas. Mas como informá-la à população sem causar pânico ou alimentar conspirações?
cientistas da universidade de St. Andrews, na Escócia, dizem que devemos pensar nisso – para que, se um dia acontecer, o mundo esteja preparado. Eles criaram o SETI Post Detection Hub, um grupo internacional inspirado no projeto SETI [Search for Extraterrestrial Intelligence], para definir normas em caso de contato.
A Super conversou com John Elliott, seu diretor, para entender.
Em 2010, o SETI estabeleceu um protocolo afirmando que uma “detecção confirmada” de vida extraterrestre deve ser integralmente divulgada ao público. Na sua visão, esse é sempre o melhor caminho?
Sim. A comunidade do SETI sempre acreditou que a transparência é a melhor política.
Dados não-decifrados devem ser liberados? E se os cientistas conseguirem decodificar os dados, e eles contiverem algum tipo de ameaça à humanidade?
A decifração é um desafio multifacetado, que terá de ser enfrentado por especialistas. Principalmente aqueles que se prepararam para isso, e desenvolveram as ferramentas e a mentalidade necessárias. Então, nós vamos divulgar regularmente nossas descobertas (o que sabemos e o que não sabemos, em cada momento), mas eu acho que a decifração tem de ser feita assim, para evitar interpretações errôneas.
Sempre há conspirações e fake news sobre eventos importantes. Certamente aconteceria com a descoberta de vida extraterrestre. Existe algum jeito de evitar ou reduzir isso?
Um método de atenuar isso é organizar uma rede de canais confiáveis para a transmissão de informações, para que os anúncios sejam feitos por esses portais de mídia.
E se os países não concordarem em como lidar com a descoberta? Em tese, a ONU poderia decidir – mas, no passado, diversos países ignoraram suas resoluções. O que poderia ser feito para garantir o cumprimento delas?
A ciência e a análise, como no SETI Post Detection Hub, serão uma colaboração internacional, independente de qualquer governo. Então o nosso trabalho precisa ser separado de quaisquer questões políticas, como a de decidir se a humanidade irá responder [a um sinal alienígena]. Garantir o cumprimento [de acordos] é problemático, e frequentemente impossível. Talvez a humanidade vá finalmente se unir, como uma só voz, quando houver um contato.
Fonte: abril