A agência espacial da China (CNSA) tem planos para trazer em 2031 pedaços de rochas e sedimentos de Marte para a Terra. Se der certo, será a primeira vez que teremos amostras marcianas por aqui.
Um recente estudo de pesquisadores do Deep Space Exploration Laboratory (em português, “laboratório de exploração do espaço profundo”), ligado à Universidade de Ciência e Tecnologia da China, explica os planos para a Tianwen-3, uma missão com duas espaçonaves para pousar em Marte organizada pela CNSA. O artigo foi publicado no periódico National Science Review e ressalta que o plano é lançar as espaçonaves em 2028, com um módulo de retorno para poder trazer as amostras para a Terra.
Além disso, eles também podem usar um helicóptero e um robô com seis pernas para coletar amostras distantes do local onde a espaçonave pousou. Onde ela vai pousar, porém, ainda é uma questão a ser respondida, que tira o sono dos astrônomos chineses.
Antes do ocidente
Há 86 locais potenciais para o pouso da missão Tianwen-3. A maioria está espalhada pelas planícies Chryse, ao norte da região equatorial de Marte, e Utopia, que é maior bacia de impacto (cratera formada pela colisão de um asteroide) no planeta vermelho. Foi lá na Utopia que um veículo espacial da CNSA pousou, em 2021.
Todos esses 86 sítios são promissores para o principal objetivo da missão: procurar sinais de vida no passado marciano. Os possíveis locais de pouso foram escolhidos com base na topografia – ou seja, não apresentam muitos empecilhos geográficos para o pouso – e porque as rochas e sedimentos ali presentes podem preservar pistas de vida passada em Marte.
Se for lançada em 2028, a missão Tianwen-3 voltaria à Terra em 2031. Uma viagem só de ida para Marte leva de 7 a 11 meses, a depender do alinhamento dos planetas. As amostras que ela traria para a Terra seriam analisadas de várias maneiras. Elas passariam por espectrometria de massa, para determinar do que são compostas, e por análise isotópica, para encontrar versões diferentes dos elementos químicos que podem apontar para a presença de organismos vivos no passado.
Se o plano da agência espacial chinesa se concretizar, ela vai sair na frente da Nasa e da ESA, a agência espacial da União Europeia. Ambas só têm missões de coleta de amostras marcianas planejadas para a segunda metade da década de 2030. Nesse ritmo, as amostras só voltariam para cá em 2040 – quase uma década depois das da China.
O país asiático, aliás, recentemente conquistou um feito inédito na exploração do espaço: a sonda Chang’e 6 trouxe à Terra as primeiras amostras do lado oculto da Lua, que revelam um passado vulcânico no nosso satélite natural.
Fonte: abril