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Ciência & Saúde

Cauda das raias-mantas: saiba por que cientistas descobriram seu mistério

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As arraias (ou raias) ganharam popularidade no começo dos anos 2000, com a morte de Steve Irwin, o explorador da vida selvagem que famoso por seus programas com animais silvestres. Ele morreu após levar uma ferroada desse peixe cartilaginoso no coração. 

Mesmo com o caso emblemático, pouco se sabe sobre as caudas desses animais. Embora tenham conquistado uma reputação mortal, a fama não é totalmente justa: algumas espécies de raias não possuem espinhos nas caudas e não utilizam esse pedaço do corpo como arma, como é o caso da arraia-jamanta (chamada também de arraia-gigante, raia-manta ou apenas jamanta). Além disso, as caudas também não possuem músculos para impulsionar a água, então a locomoção não é uma questão. Por isso, até então, a função exata desse rabo era um mistério. 

Em um estudo publicado na Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, uma dupla de pesquisadores sugeriu que esse adereço, que muitos cientistas acreditavam ser membros descartáveis tal como o de lagartos, funciona como uma espécie de “antena” e age detectando perigos que se aproximam do animal na água.

Júlia Chaumel, autora da pesquisa e bióloga marinha em Harvard, disse ao The New York Times que a complexidade de estruturas encontradas dentro da cauda foi surpreendente: “Não tínhamos ideia de que esta estrutura enorme tinha uma função sensorial.”

Analisando caudas pertencentes às raias-focinho-de-vaca, uma parente menor das enormes arraias-manta, os pesquisadores descobriram que os rabos continham órgãos especializados em detectar estímulos subaquáticos. 

A maioria das arraias (como a que picou Irwin) usa suas caudas musculosas para flexionar barbatanas venenosas. Porém, as participantes da família Myliobatidae, como a focinho-de-vaca, possuem uma estrutura de cauda diferente, inofensiva. 

Chaumel e George Lauder, outro autor do estudo, utilizaram scanners 3D e dissecaram espécimes preservados, descobrindo que o tecido rígido da cauda tinha buracos ligados ao canal da linha lateral, um sistema sensorial que ajuda a detectar os movimentos, sugerindo que a cauda pode desempenhar um papel nas capacidades sensoriais da raia.

Na maioria dos vertebrados aquáticos, a linha lateral é mais complexa perto da cabeça do animal e se torna mais simples em direção à cauda. No entanto, nas arraias analisadas, o sistema é complexo ao longo de toda a cauda, conectando-se a poros na pele. 

Diferentemente de outras arraias que vivem no fundo do mar, espécies da família Myliobatidae passam a maior parte do tempo em águas abertas, movimentando suas nadadeiras peitorais em forma de triângulo para nadar longas distâncias. Esse é o caso tanto das focinho-de-vaca como das grandes raias-jamantas. É como se esses animais voassem nas águas, enquanto as primas preferem explorar só o chão. 

Por isso, os pesquisadores sugerem que essa rede sensorial na cauda ajuda a detectar estímulos na água, uma vantagem ao buscar moluscos no fundo do mar, onde ficam vulneráveis a predadores. Quando estão voando o sensor também é útil, afinal, a qualquer momento um tubarão ou uma orca podem surgir e o alerta prévio da presença deles é bem vindo. 

Agora, a dupla quer descobrir se existem outras funções para o rabo. O próximo passo é analisar outras espécies, como as mantas, para ver se as estruturas também agem com estabilizantes para os peixes enquanto nadam.

Fonte: abril

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