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Ciência & Saúde

Câncer de ovário: é necessário falar sobre esse assunto

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Entre os tumores ginecológicos, por exemplo, o cancêr de colo de útero e o câncer de endométrio, o câncer de ovário é o mais silencioso, difícil de diagnosticar e letal. Entenda quais são os principais sintomas da doença, como se prevenir e muitas outras informações, com explicações da médica oncologista Dra. Rafaela Pirolli.

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O que é o câncer de ovário?

Segundo a Dra. Rafaela, “câncer de ovário é a denominação genérica dos diferentes tipos de tumores malignos que afetam os ovários”. Esses são “os órgãos responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos, pelo armazenamento dos óvulos e estão localizados na pelve feminina”.

Os tumores surgem “quando células anormais começam a crescer e se dividem de forma descontrolada no ovário”. A Dra. destaca que “o câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, ficando atrás apenas do câncer do colo do útero”.

Tipos de câncer de ovário

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Pirolli explica que “o câncer de ovário pode se originar de 3 tipos de células”. Veja quais são:

  • Tumores epiteliais: nesse caso, o tumor “surge no tecido da superfície externa do órgão. É o tipo mais comum, representa cerca de 95% dos casos”.
  • Tumores de células germinativas: esse tipo de câncer de ovário começa “nas células que produzem os óvulos. São raros, acometem mulheres mais jovens e tem alta chance de cura”, informa.
  • Tumores estromais ou do cordão sexual: já esses tumores “aparecem nas células que produzem os hormônios femininos. Também muito raros e com maior chance de cura”.

Agora que você já conhece os tipos de câncer de ovário, continue a leitura para entender quais são os principais sintomas e como é feito o diagnóstico da doença.

8 sintomas que podem ser causados pela doença

A médica explica que o câncer de ovário “costuma ser silencioso, demora para apresentar sintomas e, por isso, na maioria dos casos, o diagnóstico só é feito quando a doença já está avançada”. Os sintomas apresentados variam de caso a caso, mas a Dra. lista alguns:

  • Desconforto ou dor abdominal;
  • Inchaço, acúmulo de líquido no abdômen;
  • Sensação de empachamento mesmo depois de uma refeição leve;
  • Azia, náusea e indigestão;
  • Alteração no funcionamento do intestino, com prisão de ventre ou diarreia;
  • Perda de apetite;
  • Perda de peso não intencional;
  • Cansaço constante;

Sempre que estiver com sintomas persistentes, é importante procurar um médico. Quanto mais rápido descobrir um tumor, mais fácil será o tratamento.

Como é feito o diagnóstico

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Segundo a médica, quem estiver com suspeita de câncer de ovário deve passar por uma avaliação. Assim, será realizado o “exame ginecológico físico e o exame de imagem da pelve, que pode ser uma ultrassonografia transvaginal com doppler inicialmente”.

Além disso, “em alguns casos, é necessário fazer uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética para melhor avaliação”. Ainda, “entre os exames de sangue, o CA-125 é um marcador de tumor no ovário. Entretanto, esse exame só deve ser solicitado quando existe forte suspeita ou confirmação de câncer de ovário, pois ele não serve para rastreamento. O diagnóstico definitivo envolve uma biópsia, para retirada de material tumoral, e a avaliação de um patologista”.

Como é feito o tratamento

Existem várias formas de tratamento para o câncer de ovário. Em cada caso, é preciso analisar diversos fatores, “como o tipo histológico do tumor, o estadiamento (extensão da doença), idade e condições clínicas da paciente”, lista a médica.

Nos estágios iniciais, “o tratamento envolve cirurgia, seguido ou não de quimioterapia”. Já nos estágios avançados, “sempre que possível, é feito uma cirurgia e quimioterapia”.

Ainda de acordo com a médica, “há alguns novos tratamentos para o câncer de ovário. Esses envolvem as terapias de manutenção com terapias alvo (inibidores da PARP, por exemplo)”.

Como prevenir o câncer de ovário

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Para prevenir o câncer, seja o de ovário ou outros, é preciso uma mudança de hábito. A Dra. Pirolli chama a atenção para as seguintes formas de prevenção:

  • Atenção aos fatores de risco;
  • Manter uma dieta equilibrada;
  • Atividade física regular;
  • Peso corporal saudável;
  • Realizar consultas regularmente, principalmente a partir dos 50 anos.

Segundo a médica, ainda não há evidências científicas comprovando que o “rastreamento do câncer de ovário traga mais benefícios do que riscos, portanto, até o momento, ele não é recomendado”. Pirolli também informa “que o exame preventivo ginecológico, o papanicolau, não detecta o câncer de ovário, ele é específico para detectar o câncer do colo do útero.

Alguns fatores diminuem os riscos de desenvolver câncer de ovário, são eles: “já ter engravidado, amamentação, uso de anticoncepcionais por mais de 5 anos e ter feito ligadura de trompas”. Quanto aos fatores que aumentam os riscos, a oncologista explica que esse câncer é mais recorrente a partir dos 50-60 anos.

A infertilidade também é fator de risco para o câncer de ovário. Porém a médica explica que, com base em estudos realizados até o momento, a indução da ovulação, realizada no tratamento da infertilidade, parece não aumentar as chances do desenvolvimento da doença.

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Também é preciso levar em consideração o histórico familiar. “As chances aumentam quando há casos de câncer de ovário ou câncer de mama na família, especialmente em parentes de primeiro grau”. Nesses casos, é importante fazer um acompanhamento médico regularmente.

Outros fatores que precisam ser observados, segundo a médica, são: primeira menstruação antes dos 12 anos, menopausa tardia (após os 52 anos), obesidade e endometriose.

Câncer de ovário X cisto no ovário

A médica explica que os “cistos no ovário são, por definição, alterações benignas e, assim sendo, não se transformam em câncer”. Diferente dos tumores, os cistos “são bolsas cheias de líquido que podem se formar dentro do ovário”.

Durante a idade fértil, “pequenos cistos se desenvolvem no ovário todos os meses. Isso é normal e eles geralmente desaparecem sem tratamento”. No entanto, eles “podem crescer lentamente e não desaparecer, ainda assim, a maioria dos casos não apresenta sintomas e não necessita de nenhuma intervenção”.

Retirar o cisto, por meio de cirurgia, pode ser indicado quando ele estiver “muito volumoso, causando algum desconforto para a mulher ou estiver relacionado com sangramento ou torção do ovário”.

Por fim, Pirolli informa que a formação de cistos é “parte natural da fisiologia humana, não existe prevenção”.

Estágios do câncer de ovário

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A doença pode ser dividida em quatro estágios. Segundo a médica, ela é gradativa e evolui na seguinte ordem:

  • Estágio 1: “o câncer está apenas no ovário, em um ou ambos”.
  • Estágio 2: “o câncer se espalhou para outras partes da pelve”.
  • Estágio 3: “o câncer se espalhou para fora da pelve, em outros locais do abdômen, através do peritônio (uma membrana que envolve os órgãos abdominais), ou apresenta metástases para os linfonodos (gânglios/ínguas)”
  • Estágio 4: “o câncer se espalhou para outros órgãos, como fígado ou pulmões”.
  • Principais dúvidas sobre o câncer no ovário

    Quem tem câncer de ovário menstrua?

    Rafaela Pirolli (RP): Dependendo do tipo de câncer de ovário, ele pode interferir no ciclo menstrual, deixando-o irregular, com fluxo mais intenso ou com intervalos mais longos. Porém o câncer mais comum, que é o epitelial, ocorre com maior frequência em mulheres acima dos 50-60 anos, que já estão na menopausa e o sangramento vaginal não é um sintoma frequente.

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    Quem já teve pode desenvolver de novo?

    RP: Como o câncer de ovário é frequentemente diagnosticado em estágios mais avançados, infelizmente é comum a recidiva, ou seja, a volta da doença, mesmo que a paciente tenha feito cirurgia e quimioterapia. Quanto antes o câncer for diagnosticado, maior a chance de cura sem ressurgimento. Entretanto, mesmo em doenças iniciais, a mulher deve manter o acompanhamento médico regularmente, prevenindo, assim, o risco de a doença voltar ou de um novo câncer no outro ovário (caso tenha sido possível retirar apenas um ovário, o que acontece em doenças muito iniciais).

    Quem já teve pode engravidar?

    RP: Se a mulher estiver em idade fértil, é possível discutir com a equipe médica técnicas de preservação de fertilidade, como o congelamento de óvulos ou preservar um dos ovários e o útero. Entretanto, isso só é possível em doenças muito iniciais, o que é mais frequente nos tipos germinativo ou do cordão sexual. Lembrando que o câncer de ovário é raro em mulheres jovens.

    Existem tumores de ovário que são benignos?

    RP: Pode haver tumores benignos no ovário, por exemplo, teratomas maduros e cistoadenomas.

    É possível remover os ovários para evitar câncer?

    RP: Em pacientes com risco muito elevado de câncer de ovário, por exemplo mulheres com mutação nos genes BRCA 1 e BRCA 2, pode ser discutida a oforectomia (retiradas dos ovários) de forma preventiva. Essa é uma medida para casos muito específicos e não para a população geral.

    Em todo caso, leve suas dúvidas para o consultório médico e não tenha vergonha de perguntar. Além disso, converse com outras mulheres sobre o assunto, pois a prevenção é muito importante, assim como o acolhimento de quem está lidando com a doença.

    Depoimentos de pessoas que tiveram câncer de ovário

    A seguir, confira quatro vídeos de mulheres que tiveram câncer de ovário. Além de compreender sua vivência e receios, você entenderá um pouco mais sobre a manifestação da doença.

    Câncer silencioso

    Nesse vídeo, Sabrina Neves conta como venceu a batalha contra o câncer de ovário. Com o seu caso, é possível perceber o quanto fechar o diagnóstico da doença pode ser difícil para os médicos.

    Diagnóstico demorado

    No começo, era apenas uma cólica. Entretanto, a dor não passava e Caliandra não sabia o que tinha. Assista ao vídeo para conhecer mais um caso que mostra a dificuldade em diagnosticar o câncer de ovário.

    Câncer de ovário aos 26 anos

    Como já visto, o câncer de ovário é mais comum a partir dos 50 anos. Entretanto, não é uma regra. Neste video, Fernanda Araújo, com 26 anos, compartilha sua jornada na batalha contra a doença.

    Câncer de ovário aos 19 anos

    Também Vânya, com 19 anos, precisou enfrentar o câncer de ovário. Essa história, assim como a anterior, demonstra o quanto é importante todas as mulheres visitarem um ginecologista regularmente e prestar atenção aos sinais do corpo, por exemplo, cólicas, inchaço ou qualquer outra alteração.

    Agora você já sabe as principais informações relacionadas ao câncer de ovário, como ele pode ser silencioso e difícil de identificar. Aproveite para entender o que a dor na ovulação indica sobre a saúde da mulher.

    As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

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