Pesquisadores da North-Eastern Federal University (NEFU), na Rússia, descobriram os restos mortais de um bebê mamute que ficou conservado no solo congelado nos últimos 50 mil anos.
O animal, uma fêmea de cerca de um ano de idade, foi apelidado de Yana. Ela pesa cerca de 100 quilos e tem 1,2 metro de altura e 2 metros de comprimento.
Sete carcaças de mamutes já foram recuperadas no mundo, e os pesquisadores da NEFU consideram que Yana é o exemplar mais bem preservado já encontrado.
Ela foi encontrada na cratera Batagaika, na região de Yakutia, no extremo leste da Rússia. A cratera é conhecida como a “porta do inferno”: tem um quilômetro de profundidade. Mais do que isso, ela aumenta em área e em profundidade a cada ano, devido ao derretimento do permafrost.
O permafrost é uma uma grande camada de solo congelado, presente principalmente em porções dos EUA, Rússia, Canadá e demais regiões árticas. Esse tipo de solo, congelado há milhares de anos, preserva uma grande quantidade de carcaças de animais, assim como restos mortais de microorganismos, como vírus e bactérias.
Nos últimos 50 anos, a área de permafrost no hemisfério Norte diminuiu em 7%. O seu derretimento tem várias consequências, já que o permafrost é um importante reservatório de carbono. Com o descongelamento do solo, além do afloramento de várias espécies como a mamute Yana, há a liberação de toneladas de gases do efeito estufa. Sem falar no potencial risco de um desastre ecológico com a liberação de microrganismos pré-históricos desconhecidos, claro.
A cratera Batagaika já revelou os restos mortais de outros animais antigos, incluindo bisões, cavalos e cães. Em novembro, cientistas da mesma região encontraram os restos de um corpo parcial e mumificado de um gato dente-de-sabre, que se acredita ter cerca de 35 mil anos de idade. E, no início de 2024, os restos mortais de um lobo de 44 mil anos também foram descobertos.
Yana foi encontrada por moradores da região, que “estavam no lugar certo e na hora certa”, segundo explicou Maxim Cherpasov, chefe do Laboratório do Museu do Mamute, vinculado à NEFU, em entrevista à BBC. Eles viram que a carcaça já estava quase completamente descongelada e a trouxeram para a superfície em uma maca improvisada antes que predadores se alimentassem do corpo.
“Como regra geral, a parte que descongela primeiro, especialmente o tronco, geralmente é comida por predadores modernos ou pássaros”, disse ele à agência de notícias Reuters. Mas, “embora os membros anteriores já tenham sido comidos, a cabeça está notavelmente bem preservada”, acrescentou.
Um pesquisador do museu, Gavril Novgorodov, disse à Reuters que o mamute “provavelmente ficou preso” em um pântano e foi “assim preservado por várias dezenas de milhares de anos”.
Fonte: abril