O animal recordista de idade do Guinness é uma baleia-da-Groenlândia que chegou aos seus 211 aninhos — é possível que os indivíduos dessa espécie ultrapassem dois séculos de vida com frequência.
Agora, um novo estudo determinou o segundo lugar desse pódio: a baleia-franca-austral, que pensava-se chegar aos 70 anos em média, na verdade pode alcançar algo entre 130 e 150 primaveras.
Essa espécie, batizada oficialmente de Eubalaena australis, é residente dos mares do Hemisfério Sul. De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA, até os anos 1960, as populações desse cetáceo foram caçadas incessantemente, o que culminou com uma proibição pela Comissão Baleeira Internacional.
Nadar no mar gelado é uma técnica fundamental para fugir de orcas, predadoras naturais tanto das baleias-da-Groenlândia quanto das baleias-franco-austrais. Esse é um dos motivos pelos quais as baleias-da-Groenlândia vivem tanto: só elas têm as adaptações necessárias para se esconderem em águas frias, onde as orcas não vão.
Um novo estudo publicado na Science Advances combinou décadas de registros fotográficos com métodos estatísticos usados por companhias de seguros (pois é!) e outros truquenzinhos para calcular a longevidade das baleias-francas.
Assim, os biólogos descobriram que elas vivem quase o dobro do que se pensava, e que outras espécies de cetáceos também podem ultrapassar as previsões de longevidade tidas como consenso hoje.
Ao determinar a idade de um animal, é comum usar certas características do crescimento de seus dentes. No entanto, muitas baleias sequer possuem essas estruturas na boca, e outras têm uma dentição que dificulta esse tipo de análise.
Para contornar esse problema, o ecologista e autor principal da pesquisa Greg Breed, da Universidade do Alasca Fairbanks, e seu time de cientistas optaram por abordagens diferentes.
O estudo usou técnicas bizarras — mas extremamente eficientes — para estimar a idade das baleias, como contar as camadas de cera no ouvido, medir transformações químicas nas proteínas oculares e analisar evidências históricas, como pontas de arpão encontradas na gordura das baleias.
Os dados sugerem que as baleias-da-groenlândia (Balaena mysticetus) lideram mesmo o ranking de longevidade. Porém, várias outras espécies, como as baleias azuis e belugas, também podem ultrapassar os cem anos de vida, e que as estimativas atuais são subestimações.
Isso aconteceu porque caça comercial, que terminou há cerca de 60 anos, dificultou a sobrevivência de baleias mais velhas. “A maioria das baleias vivas hoje é provavelmente relativamente jovem”, diz Breed para a Science, “tornando ainda mais difícil identificar quaisquer baleias mais velhas sobreviventes”.
Os resultados mostraram que muitas baleias-francas-austrais vivem mais de 132 anos, muito além das estimativas anteriores. No entanto, as baleias-francas-do-Atlântico-Norte (Eubalaena glacialis) estão à beira da extinção, com uma expectativa de vida média de apenas 22 anos, devido à mortalidade causada por colisões com navios e enredos em redes de pesca.
Apenas 10% dos animais do norte passam dos 47 anos. “Não porque sejam biologicamente muito diferentes, mas porque têm experimentado um grau muito mais elevado de mortalidade antropogénica ou provocada pelo homem do que as baleias-francas-austrais”, afirmou Breed para a LiveScience.
Fonte: abril