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Ciência & Saúde

A Evolução da Masturbação na Linhagem Primata há 40 Milhões de Anos

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Um grupo de biólogos e antropólogos de universidades inglesas compilou dados sobre masturbação em primatas oriundos de 246 publicações sobre o assunto e 150 questionários realizados com funcionários de zoológicos e outros humanos que lidam diariamente com nossos primos macacos.

Cruzando essas informações comportamentais com o grau de semelhança genética entre as espécies, eles descobriram que a masturbação surgiu entre os símios há 40 milhões de anos (pouco tempo após os assumirem o posto de animais terrestres mais prevalentes da Terra, na rabeira extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos).

A masturbação não é exclusividade humana – sequer é uma exclusividade primata, ainda que a maior prevalência desse comportamento, na natureza, se verifique entre nossos parentes mais próximos, como chimpanzés e bonobos. De esquilos a rinocerontes, muito bichinhos já foram pegos no flagra. 

Comportamentos sexuais não-reprodutivos, porém, são dispendiosos. Representam um gasto inútil de energia, tempo e matéria-prima (como lubrificação e esperma). É gostoso? Sim, claro. Mas a seleção natural não recompensa o prazer pelo prazer. Afinal, um ser vivo que se diverte consigo mesmo em vez de procurar parceiros têm menos filhotes.

Com menos ninhadas, ele passa menos genes para as gerações posteriores, em detrimento de outros indivíduos que fazem bebês a rodo.. Resultado: a masturbação deveria, em princípio, desaparecer. É uma questão matemática. Se ela prevalece em animais além de nós, é porque seus benefícios são maiores que os . E há muitos benefícios imagináveis.

Uma das hipóteses é que, entre machos, a prática sirva para limpar o trato urinário após o sexo, expulsando micro-organismos causadoras de ISTs. Outra é que sua função seja deixar o macho o mais ouriçado possível antes da cópula, de modo que ele ejacule rápido, antes de ser expulso por um concorrente mais forte (na natureza, ser ligeirinho é vantagem, não motivo de piada, rs).

Entre fêmeas, é possível que a prática tenha evoluído para preparar o terreno: existe um grau de acidez ideal para os gametas masculinos, e se a fêmea começar a se estimular sozinha, antes do vuco-vuco, ela já chega na cópula em condições ótimas para a fecundação. Isso a ajudaria, inclusive, a escolher machos, se preparando para seus favoritos e deixando as condições inadequadas para os demais.

A mesma lógica preventiva vale para os machos, que podem se dar melhor ejaculando de tempos em tempos, com ou sem parceira, para manter o estoque de esperma sempre renovado.

Por fim, existe a possibilidade de que as contrações no útero geradas pelo orgasmo feminino facilitem o caminho dos espermatozoides até o óvulo. Dado que os gametas masculinos podem sobreviver por algumas horas ou dias após a ejaculação (esse dado, naturalmente, varia conforme a espécie e as características de cada indivíduo), se masturbar após o sexo pode representar a diferença entre fazer ou não um filhote.

O estudo sofreu com a quantidade comparativamente baixa de dados sobre fêmeas, o que mostra que o tabu redobrado com a masturbação feminina extrapola o ser humano e afetou a ciência produzida sobre o assunto nas últimas décadas.

O estudo encontrou dados favoráveis a várias dessas hipóteses, como a da profilaxia contra ISTs em machos. E não há qualquer sinal de que a masturbação seja um desvio comportamental pontual. A sua prevalência em toda a árvore filogenética primata não deixa dúvidas de que se trata de uma prática mais antiga do que a própria humanidade, provavelmente no ancestral comum de todos os primatas.

 

 

 

Fonte: abril

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