Lago Hillier, Austrália
A divulgação do filme da Barbie foi longe demais. Brincadeira. O lago Hillier é o mais famoso entre os lagos cor-de-rosa da Austrália, que fazem qualquer chá de revelação exagerado parecer normal. O tom de chiclete tutti-frutti é obra de bactérias e microalgas – em especial, a bactéria vermelha Salinibacter ruber.
Essa bactéria só consegue crescer em ambientes com concentração de sal acima de 15%, idealmente entre 20 e 30%. O lago Hillier é, justamente, muito salgado – oito vezes mais do que o oceano. Por isso, assim como no Mar Morto, se você tentar nadar no lago provavelmente vai boiar, já que a quantidade de sal torna a água mais densa.
Só tem alguns pequenos problemas com a viagem até lá. O lago Hillier fica em uma ilha pequena e distante da costa, onde só é possível chegar de helicóptero ou barco. Por se tratar de uma área de proteção ambiental, o acesso à ilha também é restrito. Nada de nadar na piscina de Nesquik, você vai ter que se contentar em admirar seu cor-de-rosa de cima.
Grande Fonte Prismática, Estados Unidos
A fonte termal, localizada no parque Yellowstone, é a maior dos Estados Unidos e a terceira maior do mundo, com 60 a 90 metros de diâmetro e 36 metros de profundidade. Quando a água super quente chega na superfície, ela começa a esfriar. Então, a água resfriada afunda, e é substituída por água mais quente de novo. Esse ciclo mantém a água aquecida, mas não o suficiente para causar uma erupção, como em um gêiser.
O que chama a atenção de imediato são as cores da fonte: tons brilhantes de laranja, amarelo e verde que circundam as águas azuis. As camadas de arco-íris são causadas por bactérias termófilas. Esse tipo de bactéria gosta de calor, e vive na água em volta da fonte, que fica gradualmente mais fria, formando círculos com temperaturas diferentes. Cada região é um habitat distinto, que abriga bactérias distintas, que criam cores distintas.
A água é quente demais para um mergulho aquecido. A temperatura pode chegar a 87 °C no centro da fonte, tornando ela praticamente estéril. Sem nada no caminho, a água parece extremamente cristalina e limpa, com um tom azul escuro causado pelo espalhamento da luz azul. O círculo mais externo, de tom amarronzado, é o mais frio, chegando a 55 °C. Água a 60°C já pode causar queimaduras de terceiro grau se exposta à pele por 5 segundos, então é melhor deixar a fonte para as bactérias.
Vinicunca, Peru
Vinicunca, traduzido do quechua (idioma nativo do Peru) significa “Montanha Colorida”. Ela fica nas montanhas andinas do Peru, próxima à cidade de Cusco. Até pouco tempo atrás, Vinicunca era coberta de neve, com sua beleza escondida do resto do mundo. Com as encostas e picos “pintados” de cores inusitadas, a montanha se tornou uma atração turística muito procurada para quem visita o país – e impulsionada por belas fotos nas redes sociais.
As 14 cores (entre verde, roxo, rosa, branco, vermelho e dourado) são resultado da geologia complexa do local. Milhões de anos atrás, quando tudo lá era água, vários tipos de sedimentos eram levados de um lado para o outro. Com o tempo, eles foram formando camadas diferentes, com sedimentos e características distintas
Depois da ação das placas tectônicas, a montanha saiu do chão e esses sedimentos foram expostos. As cores chamativas são resultado da oxidação e erosão dos diferentes minerais que compõem as faixas.
Se ficou interessado em visitar, é melhor se preparar para uma viagem com caminhada na altitude. Primeiro, você vai precisar pegar um ônibus de passeio saindo de Cusco e ir até o local. A única forma de acessar a montanha é com uma empresa de turismo oficial que tenha licença para isso.
Depois, é hora de uma trilha de 7 a 8 quilômetros. O caminho é relativamente plano, a trilha só fica íngreme nos finalmentes. Se você não está acostumado a trilhas, talvez passe um pouco de dificuldade. Tome seu tempo, vá com calma e respire devagar. A montanha fica 5,2 quilômetros acima do nível do mar, então a altitude também é um problema, o que pode causar dores de cabeça e enjoos. O site oficial da Montanha recomenda passar alguns dias na região, se acostumando com a elevação, antes de embarcar na trilha.
A melhor época para visitar é entre junho e agosto, em que o céu tende a estar mais limpo. Essa é a alta temporada do turismo. Durante o verão, em que a umidade é maior, você pode esbarrar em um tempo ruim, com baixa visibilidade da montanha. Se der sorte e planejar bem, vai conseguir uma vista incrivelmente colorida.
Cachoeira Subaquática de Port Louis, Ilhas Maurício
Apesar do nome, não tem nenhuma cachoeira envolvida nessa paisagem. O que você vê é, na verdade, uma ilusão de ótica causada por areia e lodo que, levados por correntes marítimas, escorrem até as profundezas do oceano, em um descida abrupta e nada usual para praias.
Em um bloco continental, geralmente há uma grande massa de terra, que vai gradualmente diminuindo e dando espaço ao oceano. Imagine que você começa a andar na praia, em direção ao mar. Se você pudesse manter os pés sempre no chão (além de respirar debaixo d’água), teria que andar um bom pedaço na plataforma continental para chegar na beirada, onde começam as águas profundas do oceano.
Contudo, as Ilhas Maurício têm uma peculiaridade: elas estão em cima do Planalto Submarino das Mascarenhas. Ao invés de uma parte rasa após a faixa de areia, banhistas que se afastam um pouco da costa têm, sob seus pés, uma fenda de 4 mil metros de profundidade.
Por causa dessa profundidade, as águas mudam de um tom clarinho para um azul escuro. As moléculas da água são boas em absorver luz com comprimentos de onda na faixa do vermelho. Conforme você aumenta a profundidade, ondas no espectro laranja, amarelo, verde e, por fim, violeta, também vão sendo absorvidas. Quanto mais profundas as águas, mais azuis elas serão.
Boa notícia: turistas são mais do que bem-vindos. A 2 mil quilômetros da costa da África, a ilha é um ponto turístico requisitado, com hotéis e restaurantes dedicados aos visitantes. Le Morne, a montanha atrás da paisagem marítima, é um Patrimônio Mundial da UNESCO – além de um ótimo lugar para observar o mar. Se quiser desembolsar uma graninha extra, pode pagar um passeio de helicóptero para ter uma visão privilegiada da ilusão de ótica e tirar fotos que vão arrasar no Instagram. Nadar na área da cachoeira também é totalmente seguro.
Socotra, Iêmen
Dracaena cinnabari, também chamadas de “dragoeiro” ou “árvore sangue de dragão”, são árvores nativas do arquipélago de Socotra, pertencente ao Iêmen, no Oceano Índico. As árvores são reconhecidas pela sua aparência distinta e pela valiosa resina que produzem, de cor avermelhada, conhecida como sangue de dragão. Ela é usada pela população local como corante, remédio e em cerimônias culturais próprias.
A árvore sangue de dragão pode atingir nove metros de altura e quarenta centímetros de diâmetro de tronco. Sua copa é densamente compactada com o formato peculiar meio guarda-chuva meio cogumelo. As folhas são longas e rígidas, medindo entre 30 e 60 centímetros de comprimento, sempre agrupadas nas extremidades dos ramos e apontando para cima.
As árvores são endêmicas da ilha de Socotra – ou seja, não existem em qualquer outro lugar do mundo. A ilha, de clima semiárido, é conhecida pela sua rica biodiversidade e flora e fauna únicas, como o dragoeiro.
Classificada como vulnerável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, a espécie tem crescimento lento e sofre com várias ameaças: mudanças climáticas, destruição de habitat e colheita excessiva da resina. Esforços estão sendo feitos para conservar essas árvores únicas e seu habitat para garantir sua sobrevivência para as gerações futuras. O arquipélago e as árvores, por exemplo, foram designados Patrimônio Mundial da UNESCO em 2008 para promover a sua conservação.
Caverna dos Cristais, México
Escondida 300 metros debaixo da superfície, na Sierra de Naica, a Caverna dos Cristais é uma das formações geológicas mais notáveis da Terra – e também um dos lugares mais perigosos. Com temperaturas que podem chegar a 60°C e umidade do ar beirando os 100%, ela pode fazer líquido se condensar dentro dos seus pulmões caso não esteja com o equipamento adequado.
A caverna é famosa, obviamente, pelos gigantescos cristais. Alguns deles estão entre os maiores cristais naturais já encontrados.
Durante dezenas de milhares de anos, a caverna ficou preenchida com água subterrânea cheia de anidrita, um tipo de mineral. Em temperaturas altas, como 60 °C, a anidrita fica estável. Quando a temperatura cai, ela pode se dissolver em outros materiais.
O magma quente que passava embaixo da Caverna dos Cristais mantinha essa água quentinha. Contudo, a temperatura começou a cair, o suficiente para forçar a anidrita a se decompor em cálcio e sulfato. Uma vez separadas, as partículas começaram lentamente a se recombinar; mas, dessa vez, em selenita.
Foi assim que os cristais brancos de selenita tomaram conta da caverna. Submersos na água quente, continuaram crescendo lentamente. Estudos afirmam que levaria de 500 mil a 900 mil anos para que um cristal chegasse a um metro de diâmetro. Atualmente, eles ostentam tamanhos impressionantes, chegando até a 11 metros de comprimento.
Depressão de Danakil, Etiópia
A Depressão de Danakil é um dos lugares mais inóspitos do planeta. Localizada no deserto de Danakil, ela é um dos pontos mais quentes na superfície da Terra, podendo chegar a 50 °C, e com vulcanismo mais ativo também. Não é à toa que o local ganhou o carinhoso apelido de “portão do inferno”.
Cerca de 120 metros abaixo do nível do mar, a Danakil é fruto da atividade tectônica na região. Ela faz parte do Triângulo de Afar, uma depressão geológica no chifre da África, onde três placas tectônicas divergem lentamente. Ela também abriga vários vulcões ativos, incluindo o Erta Ale, um dos poucos lagos de lava continuamente ativos no mundo.
A Depressão de Danakil também é conhecida pelas suas vastas salinas. O povo que habita a região extrai esse sal há séculos de forma manual e transporta-o em caravanas de camelos para mercados das regiões vizinhas.
Interessante também são as pessoas que desejam visitar a região. Além do turismo de aventura, que deve ser, obviamente, feito com todos os equipamentos necessários e a presença de um guia preparado, a região chama a atenção de cientistas, mais especificamente, astrobiólogos. Devido às condições inóspitas de Danakil, pesquisadores acreditam que ela possa servir de parâmetro para averiguar a chance de seres vivos sobreviverem em outros planetas. Talvez um lugar na Terra que parece alienígena possa ajudar a entender possíveis formas de vida em outros planetas.
Fonte: abril