O governo federal tem discutido formas de impulsionar o setor automotivo, incluindo a MP dos descontos para o carro popular. No entanto, algumas montadoras estão parando a produção de veículos, como a GM de São José dos Campos, que detém os carros mais vendidos em maio (Onix e Onix Plus).
Descontos para o carro popular são suficientes para salvar setor?
Se por um lado, a redução dos impostos podem estimular o mercado, por outro, é importante considerar que o setor passa por diversos desafios. Entre eles, o encarecimento de insumos, necessidade de inovação tecnológica e menor poder de compra da população.
Estamos presenciando um cenário em que o corte de impostos visa aquecer as vendas e a produção, mas ainda assim pode não ser o suficiente no médio e longo prazo. Hoje, muitas concessionárias já estão com seus estoques esgotados, porém não deve ser a mesma coisa depois que a medida acabar.
Carros que partem dos R$ 60 mil, juros altos e vendas que desestimulam as montadoras. Para se ter uma ideia, antes do anúncio do governo, houve uma queda nas vendas. De acordo com a Fenabrave, foram emplacados 166,4 mil veículos leves em maio, pior desempenho desde 2020. A média diária foi de 7.560 unidades, ante 8.420, em abril.
O futuro é incerto, mas é importante considerar que as medidas são de certo modo positivas. A redução de impostos para carros populares pode estimular a compra desses veículos, entretanto não é o suficiente para dar sobrevida ao setor.
O exemplo da GM, que mandou para casa 1.200 funcionários por dez meses, é um alerta de que mesmo as empresas com números mais expressivos precisam de auxílio.
Locadoras de fora
As locadoras e grandes frotistas, clientes importantes para a indústria, ainda não foram lembrados pelo governo. Esses só entrariam no planejamento após os recursos para a compra por pessoa física. O que possivelmente não acontecerá.
Segundo Marco Aurélio Nazaré, presidente do conselho nacional da Abla em entrevista à Folha de São Paulo, as compras de carros novos com preço de até R$ 120 mil estão suspensas por ora.
Ele ressalta que as locadoras compram cerca de 50 mil carros por mês e 58% deles são de entrada, com valor abaixo de R$ 120 mil.
Como resultado, as locadoras estão suspendendo as compras esperando sua vez, lotando os pátios das montadoras. Esse é um recado de que não incluí-las pode ser um tiro no pé do governo com medidas populistas, mas que deixam de fora quem realmente pode contribuir para uma melhora das vendas no setor.
Fonte: garagem360.com.br