Uma história de cerca de 70 anos da indústria automobilística desapareceu na região do Taboão, em São Bernardo do Campo. Era numa imensa área de cerca de 1 milhão de metros quadrados que até o final de 2019 funcionava a mais antiga fábrica ativa da Ford, além de boa parte de sua sede no país.
Após o anúncio da montadora norte-americana em janeiro de 2021 de que não iria mais produzir veículos no Brasil, um dos maiores mercados de automóveis do mundo, o local passou a ser alvo de disputas por sua aquisição, incluindo o grupo CAOA, interessado em manter uma linha de montagem de veículos no ABC.
No entanto, a área acabou sendo adquirida pela Construtora São José e a FRAM Capital, por um valor de R$ 550 milhões, para ser transformada em um centro logístico com 13 galpões. Foi o sinal para que meses depois o complexo de prédios industriais começasse a ser demolido.
Quase dois anos após o anúncio da decisão da Ford de abandonar a produção no Brasil, o que se vê na antiga fábrica são apenas sinais de um lugar onde um dia foram produzidos veículos icônicos como o Corcel, o Escort, Del Rey e o Fiesta, entre outros.
Imagens aéreas do canal iTechdrones, do Youtube, feitas nesta semana mostram o que sobrou da planta. Os diversos galpões que acomodavam as linhas de montagem, que também incluíram a produção de caminhões e utilitários, vieram abaixo, restando apenas o piso original para demarcar sua localização.
Restam um prédio administrativo, erguido pela Willys, que deve ser transformado em data center, e dois outros galpões que serão mantidos com novas funções como praça de alimentação, academia e áreas de apoio.
O terreno ocupado pela Ford possuía três delimitações, uma área mais elevada onde ficavam os escritórios e também parte da produção, outra onde existiam grandes estacionamentos, e uma terceira, paralela à fábrica de caminhões da Mercedes-Benz. Esta última praticamente desapareceu.
Ford chegou ao local em 1967
A fábrica de São Bernardo do Campo foi inaugurada pela montadora Willys nos anos 50, que produziu modelos como o Aero Wyllis e o Rural. Somente em 1967, a Ford adquiriu as instalações após sua fábrica na capital paulista se mostrar muito limitada.
Na época, o ABC dominava a produção nacional de veículos, com unidades da Volkswagen, General Motors, Mercedes-Benz e Toyota – além da Ford. Somente em 1976 a Fiat quebraria esse tabu, levando a montagem automóveis e utilitários também para Minas Gerais.
Atualmente, a Volks mantém sua fábrica na Anchieta ativa enquanto a GM investe na história unidade de São Caetano para produzir a nova Montana. Enquanto a Mercedes sobrevive na região, a Toyota decidiu fechar a tradicional unidade de São Bernardo, onde montou o pioneiro Bandeirante. Suas principais fábricas já ficam no interior de São Paulo há tempos.
Em 2022, a Ford emplacou pouco mais de 16 mil veículos até outubro e ocupa a 14ª posição no ranking de vendas.
Fonte: autoo