A indústria automotiva apresentou um crescimento 8% de sua produção no primeiro trimestre de 2023, comparado com o mesmo período de 2022. O resultado foi decepcionante, visto que o ano passado havia sido o pior em 18 anos.
Entenda como os juros altos prejudicam o setor automotivo
Para a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o desempenho de janeiro a março aponta para um 2023 pior do que a expectativa inicial, e isso se deve fundamentalmente aos juros altos, que deprimem a demanda.
Apesar da melhora nos números em março, a produção acumulada no primeiro trimestre ficou cerca de 50 mil unidades abaixo dos níveis pré-pandemia.
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De janeiro a março foram produzidos 538 mil veículos, apenas 8% a mais que no início do ano passado, quando a crise dos semicondutores estava no auge. Para veículos pesados (caminhões e ônibus), houve redução de cerca de 30% no volume de produção.
“O período é importante como direcionamento, pois apresenta os sinais de como será o ano. 2022 teve o pior trimestre desde 2004, e este primeiro trimestre ficou muito próximo. Já estamos 30 mil unidades abaixo da projeção para o ano”, aponta o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
“Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022. A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora há outros fatores provocando férias coletivas – principalmente o resfriamento da demanda”, afirma o executivo.
Segundo Leite, a indústria tem debatido com o governo alternativas para a melhoria das condições de crédito e a abertura de novas linhas de financiamento para a indústria – visto que o mercado automotivo, devido ao alto valor dos bens que comercializa, é fortemente impactado pelas condições das vendas a prazo. “Os juros altos têm sido a principal razão para a queda do mercado”, analisa o presidente da Anfavea.
As vendas acumuladas no trimestre foram de 472 mil unidades. O crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado poderia indicar sinais de recuperação, mas na verdade a base de 2022 é muito baixa, já que faltavam carros nas concessionárias. Em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem é superior a 20%.
Leite ressalta que esse número poderia ter sido ainda pior e foi fortemente influenciado pelas vendas diretas a locadoras de veículo, que em março corresponderam a 28% do total. “Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas, para reaquecer o mercado.”
As exportações em março mantiveram a média diária de 1.900 unidades de fevereiro, o que indica o cumprimento de contratos com os principais destinos, mas sem grande crescimento de volumes. Na comparação trimestral, as 112,2 mil unidades embarcadas entre janeiro e março representaram crescimento de 3,9% sobre o mesmo período de 2022.
Segmento de caminhões e ônibus passa por dificuldades ainda maiores
O segmento de veículos pesados é ainda mais dependente de crédito do que o de automóveis, devido ao fato de os valores envolvidos serem expressivamente maiores. Este ano, os ônibus e caminhões ficaram ainda mais caros, devido à implementação de nova tecnologia para atender à fase P8 do Programa de Controle de Poluição por Veículos Automotores (Proconve) – que adequa a produção nacional à normas Euro 6.
A baixa oferta de crédito – e o pouco que está disponível está encarecido por conta das altas taxas de juros – provocou queda de 29,6% na produção ônibus e de 28,8%, na de caminhões.
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Fonte: garagem360.com.br