Após a redução dos combustíveis derivada na nova lei do ICMS, a dúvida sobre o investimento em carros elétricos pode surgir. Porém, os veículos podem ser vantajosos mesmo após o novo preço dos combustíveis.
Carros elétricos são sinônimo de economia ao longo prazo
O preço dos combustíveis continua em patamares elevados, ao mesmo tempo que algumas das medidas aprovadas, como a limitação da cobrança do ICMS e a decisão de zerar os impostos federais, ainda não aliviam o impacto do valor dos combustíveis fósseis.
Neste cenário de incertezas sobre os combustíveis, os carros elétricos tornam-se uma alternativa viável, principalmente a longo prazo.
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Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa que apresenta soluções para o ecossistema de mobilidade elétrica, os eletrificados, por mais que tenham uma barreira de entrada, que é o seu alto valor, representam mais economia ao longo prazo.
“O mundo está mudando e a crise dos combustíveis amplifica ainda mais a busca pelos carros elétricos. Além disso, estes veículos possuem menos peças que os carros à combustão, o que torna a sua manutenção muito mais barata”, explica o executivo.
Em média, o brasileiro gasta quase 10 mil reais em combustíveis fósseis por ano e o preço médio nacional da gasolina está em R$5,74 o litro.
Neste cenário, ao encher um tanque de 55 litros, duas vezes ao mês, o brasileiro está gastando cerca de R$630 reais. Isso representa mais da metade do salário mínimo. Algo que mostra a insustentabilidade dos carros movidos a combustão e causa dúvidas dos consumidores que buscam adquirir um automóvel novo ou usado.
Ricardo David explica que, por possuírem apenas 20% das peças de um carro à combustão e que a manutenção mensal e a troca e reposição de peças é significativamente menor. Já no quesito combustíveis, a economia é de 84% em um carro elétrico.
A cobrança é feita a partir do preço do kWh que, em São Paulo, por exemplo, o preço se mantém em R$0,86, bem abaixo do nível nacional da gasolina ou do etanol. A recarga é feita em estações de carregamento elétrico, também chamados de eletropostos.
“Engana-se quem pensa que a vinda dos carros elétricos é recente. Desde o início do século 20 esses meios de locomoção estão presentes no dia a dia e, recentemente, com o crescimento da preocupação com o meio ambiente, tornaram-se mais procurados.
Para além da diminuição das emissões de gás carbônico na atmosfera, esses carros se mostram econômicos na manutenção e no consumo”, defende Ricardo David.
O modelo mais barato entre os elétricos está acima dos R$100 mil reais, algo fora da realidade do país. O recém-chegado Caoa Cherry iCar, o de menor custo até agora, fica na mesma faixa de preço da Chevrolet Tracker, SUVs mais vendida no Brasil.
Assim como outros automóveis movidos à energia elétrica, sua autonomia fica entre 300 km e 400 km, uma diferença de 100 km dos movidos à combustão, com o diferencial de não poluir.
Uma das maiores preocupações na hora de escolher entre esses modelos, ou até mesmo um híbrido, é o tempo de recarga.
Enquanto os carros comuns levam cerca de 5 minutos para encher todo o tanque, além da alta disponibilidade de postos de gasolina espalhados pelas cidades, os carros elétricos demandam outro cuidado.
Falta de pontos de recarga
Segundo dados da Elev, o Brasil tem a estimativa de ter 1300 eletropostos, sendo que 445 estão em São Paulo, a capital mais bem preparada para receber esses veículos.
“Optar por um carro elétrico representa uma economia maior ao longo prazo: o preço do automóvel no Brasil o torna inacessível para muitos, porém mantê-lo e carregá-lo representa uma economia de cerca de 80% nos gastos totais.
É por este motivo que vemos um movimento muito claro de empresas e organizações públicas optando por adquirir eletrificados”, diz o sócio-diretor.
A Prefeitura de São Paulo publicou, ainda no ano passado, o Plano de Metas 2021-2024, o qual prevê o aumento da frota de ônibus elétricos.
“É uma diminuição tão grande do valor de manutenção que poderemos ver, no futuro breve, o preço das passagens diminuir. Então há um impacto social nessa transição”, diz David.
Apenas em 2021, a procura mundial cresceu 109% e, no país, já são 100 mil veículos elétricos, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Estima-se que a procura pelos carros deva crescer cada vez mais. Outro aspecto importante é a utilização pública e compartilhada dos elétricos, como o incentivo realizado recentemente pela 99, empresa que fornece serviços de transporte particular. Outras empresas, como grandes varejistas, também apostam nas frotas elétricas.
“Outro fator importante de se considerar é que o Brasil sempre foi conhecido na América Latina como um fornecedor de automóveis voltados para o transporte público, como ônibus. Porém, com o avanço dos eletrificados no mundo, estamos perdendo esse mercado para os modelos chineses.
Países da América do Sul já importam modelos elétricos de ônibus produzidos no gigante asiático”, explica.
Além disso, vemos o avanço de empresas estrangeiras no território da América do Sul, o que gera outra preocupação em relação às empresas nacionais.
É certo que os automóveis elétricos, além de serem sustentáveis, são mais econômicos ao longo prazo.
Porém, o Brasil está ficando cada vez mais distante dos produtores de eletrificados no mundo e a falta de políticas públicas e estrutura, faz com que os valores dos automóveis continuem elevados, por mais que o país tenha condições reais de produção totalmente nacional dos modelos, principalmente quando consideramos que o nióbio e o lítio são minérios encontrados com facilidade no território nacional.
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