Nova vida! Após várias tentativas frustadas de se libertar do vício das drogas, foi o amor pela família e uma simples receita de coxinha que abriram as portas para Tamaris Nascimento sair das ruas e começar um novo capítulo.
A dependência a levou a cometer erros e enfrentar situações extremamente difíceis, como períodos na prisão e a separação das filhas. Mas durante todo esse tempo, houve uma pessoa especial que nunca a abandonou: a tia Vera, que lutou incansavelmente para tirar a sobrinha das ruas.
Determinada a mudar, especialmente pela filha mais velha, Tamaris decidiu que não queria mais viver naquela realidade. O caminho não foi fácil; ela enfrentou dificuldades para conseguir um emprego e sentia que precisava encontrar um propósito. Foi então que a tia deu a receita e a ideia de começar a vender salgados. Com a ajuda da família, Tamaris começou a se profissionalizar e hoje já tem o próprio negócio.
Brigas e bullying
Por ser lésbica, os pais de Tamaris não a aceitavam. A casa, que era para ser um refúgio, era sempre cheia de brigas.
Na escola, era pior ainda. Sofria bullying de outras crianças.
“Posso dizer que não tinha muitas perspectivas. Eu era uma mulher negra, periférica, LGBTQIAP+, que se sentia sozinha no mundo”, conta a cozinheira.
Foi pra rua aos 14 anos
A rua virou um refúgio para Tamaris, que encontrava por lá uma sensação de pertencimento que não conseguia experimentar em casa.
Mas foi também nas ruas que o ciclo de dependência química começou, aos 14 anos.
Ela também sofreu muitas violências, inclusive abusos sexuais. Teve três filhas, Kethelyn, que hoje tem 21 anos, Melissa, de 14, e Júlia, de 11.
Um dia antes do aniversário da filha
Sem condições de cuidar das filhas, foi a tia Vera quem assumiu a responsabilidade pela criação.
“Ela foi a pessoa que sempre acreditou em mim, aliás, e que me ajudou quando fui presa”, contou.
Tamaris tentou parar com o vício diversas vezes, de várias formas, e não conseguia.
Foi às vésperas do aniversário de 15 anos da filha mais velha, que ela decidiu romper com o ciclo de autodestruição.
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Se matriculou em um curso profissionalizante
Quando começou a venda de coxinhas, Tamaris cometia alguns erros na produção.
Então ela decidiu se matricular em um curso e aprender mais sobre gastronomia.
“Errei muitos pedidos porque não sabia, mas decidi me profissionalizar. E fiquei boa nisso. Passava o dia vendendo os salgados e, de noite, ia para o curso aprender mais e mais”, lembra.
Preconceito
Mesmo ao recomeçar, o preconceito das pessoas deixava tudo mais difícil.
Por conta dos antecedentes, Tamaris era rejeitada pelos colegas de curso e até no mercado de trabalho.
“Pensei muito em voltar a usar drogas nessa época, desistir do meu sonho de trabalhar com cozinha, desistir de mim, sabe? Mas tive uma luz: ‘Se as pessoas não querem me dar um emprego, vou fazer minha própria empresa’”.
Não seria possível sem amor e uma receita de coxinha
E foi assim que surgiu o Cozinhando em Família, com a ideia de buffet a domicílio.
Hoje, ao lado da companheira Joyce e das filhas, Tamaris voltou a estudar e sonha em cursar gastronomia, quem sabe até abrir o próprio restaurante um dia.
“Sou muito grata por todas as coisas boas que estão acontecendo na minha vida e tudo isso é possível por causa do amor e de uma receita de coxinha”, destacou.
Com informações de Marie Claire.
Fonte: sonoticiaboa