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Ex-alunos em tempo integral retornam à escola como educadores para inspirar novas gerações

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Esses três ex-alunos se formaram em escolas de tempo integral e retornaram às salas de aula de uma maneira diferente: agora eles são professores! Que exemplo de e retorno ao que receberam. Eles vieram de família pobre, mas com acesso à educação por meio de escolas públicas do Ceará, reescreveram a própria história.

De áreas diferentes, mas com uma mesma história de vida, Fernanda Laís Bastos, Rydleily Albuquerque e Renato Moreira, enfrentaram desafios até chegarem onde estão. Depois de terem se formado, eles embarcaram novamente na sala de aula para levar adiante a missão de formar outras pessoas.

“Percebo hoje o quanto a escola agregou coisas boas e não somente no sentido da cognição. Mas no sentido emocional. Com o apoio dos professores, com o incentivo, com as disciplinas extras, com o Projeto de Vida porque a partir do momento que você sabe para onde você quer ir, você sabe as estratégias”, disse Fernanda.

Enfermagem por amor

Fernanda Laís Bastos ingressou no Ensino Médio, em 2011, na Escola Estadual de Educação Profissionalizante Adriano Nobre, em Itapajé, no Ceará.

A instituição se mantém no topo da lista estadual e tem uma das melhores notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Lá, a jovem aprendeu muito e ao concluir o ensino médio, optou pelo curso técnico de Enfermagem.

Assim que concluiu o Ensino Médio, Fernanda prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Bem-sucedida, ela ia cursar Enfermagem na Universidade Federal do Ceará.

“Apesar de não saber de algumas coisas, eu vinha com aquela bagagem da escola, aquela responsabilidade, pontualidade. Lembro de frases dos professores, conselhos e eles ecoavam na minha cabeça”, disse.

Para se sustentar na capital do Ceará, ela utilizou a formação que teve na escola técnica. Passou a trabalhar como técnica de enfermagem em um hospital particular.

“Trabalhei por cinco anos como técnica de enfermagem até me formar. E aí, o mesmo hospital que eu trabalhei me oportunizou como enfermeira”, afirmou.

Anos depois, em 2019, ela voltou para Itapajé. Lá, fez a seleção e começou a trabalhar como professora das disciplinas técnicas de enfermagem na escola que abriu portas para ela.

“Tem sido prazeroso convencer as pessoas através do meu exemplo”, comemorou.

Medo da matemática

Do Cariri, outro exemplo de superação. Rydleidy Albuquerque, professora de matemática da Escola Estadual de Educação Profissionalizante Leopoldina Gonçalves.

Nascida na zona rural, ela enfrentava todos os dias 20km em “pau de arara” para chegar na escola onde estudou o Ensino Médio.

“Não tinha transporte público para os estudantes. Minha mãe falou com o motorista do transporte que transporta as pessoas para a . Minha mãe pagava por mês. Vinha pendurada nos carros. Depois, no 3° ano, meus pais se mudaram para a sede da cidade”, contou a professora.

O sucesso começou em 2012. Ela foi estudante da primeira turma de ensino profissionalizante da história da escola.

“Quando vim pra cá, me deparei com uma realidade totalmente diferente da que eu vivia. Eu passava o dia inteiro na escola. Tinha muitos professores. Comecei a conviver com pessoas diferentes. Percebi que o mundo ia além do que imaginava. Ia além daquele caixa eu vivia no sítio. Comecei a me inspirar nos meus professores”, destacou.

A futura profissão começou cedo. Para garantir renda, ela dava aula de reforço em casa aos finais de semana. Na escola, Rydleidy optou pelo curso técnico de Agrimensura.

Em 2014 veio o Enem e a professora escolheu o curso de tecnóloga em Saneamento Ambiental. Ao concluir a graduação, Rydleidy topou um novo desafio: licenciatura em matemática!

Agora formada, prestou um processo seletivo para ser professora da escola onde estudou. Ao todo, 13 pessoas disputaram a mesma vaga, mas ela foi aprovada!

O objetivo principal agora é desmistificar a matemática, tão temida pelos alunos.

“A matemática é vista como se fosse terror. Sempre passo para eles que eles não precisam compreender e não ter medo. Quando você tem medo, você quer se afastar. Mas se você se aproximar e começar a conhecer, se torna mais fácil. Se a gente for só de conteúdo, fica pesado e o aluno não consegue aprender. Eu transformo as aulas. Saímos de sala, pego ´regua, trena. Trago slide, filme, utilizo jogos de matemáticos”, contou.

Para Rydleidy, a escola de tempo integral transforma, e ela é a prova viva disso.

“Muitas vezes, tem alguns alunos que não se sentem confortáveis no âmbito familiar. Por problemas, não só financeiros, mas familiares e eles acham um acolhimento aqui”.

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Paixão pela química

Do Sertão Central, saiu outro . Renato Moreira cursou todo o Ensino Fundamental e o Médio em escolas públicas.

Quando chegou ao 9° ano, ouviu falar da novidade, uma escola de ensino de tempo integral.

Ao chegar no Ensino Médio, ele não perdeu tempo e entrou na Escola Estadual de Educação Profissionalizante Antonio Rodrigues de Oliveira, em Pedra Branca.

No curso técnico em Redes de Computadores, em 2015, descobriu uma paixão pela disciplina de química.

Nesse momento, ele já tinha percebido a importância da docência.

“Tive dois grandes professores e comecei a desenvolver . Desenvolvi o primeiro sistema de tratamento de água”, contou o rapaz.

Assim que terminou o Ensino Médio, prestou o Enem e entrou na Universidade Federal do Ceará. O curso? Alguém duvida que foi Química?

“A formação técnica da escola profissionalizante me ajudou na faculdade porque eu tinha uma disciplina de química computacional, por exemplo, na qual a gente analisava moléculas só pelo computador. E foi graças ao técnico em redes que me destaquei nessa área”, disse Renato.

O rapaz passou um tempo dando aulas na rede particular do estado, até que em 2019 uma grande oportunidade surgiu. Uma vaga de professora de química na Escola Estadual de Educação Profissionalizante Antonio Rodrigues de Oliveira, a mesma onde Renato iniciou sua trajetória!

Hoje, com 24 anos e dando aula de Química, Renato devolveu tudo que aprendeu para os novos alunos.

“O contato com o curso técnico, com professores que têm, muitas vezes, uma história muito parecida com a deles, faz, de fato, os alunos terem desejo. Primeiro eu tive vontade de ser cientista, e na escola profissional, eu virei químico. Um cientista químico. Então, a escola profissional vai mostrar que o indivíduo pode ser o que ele quer ser, mas que, muitas vezes, ele acha que não é capaz”, concluiu.

Rydleily agora quer desmistificar o medo que os estudantes têm da matemática. Foto: Reprodução/Ismael Soares.

Rydleily agora quer desmistificar o medo que os estudantes têm da matemática. Foto: Reprodução/Ismael Soares.

Fernanda Laís hoje é professora do curso técnico de enfermagem na Escola Adriano Nobre. Foto: Reprodução/Thiago Gadelha.

Fernanda Laís hoje é professora do curso técnico de enfermagem na Escola Adriano Nobre. Foto: Reprodução/Thiago Gadelha.

Com informações de Diário do Nordeste.

Fonte: sonoticiaboa

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