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Como superar a crise de ansiedade coletiva: prevenção e motivação comportamental

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Na última sexta-feira (8), 26 estudantes de uma escola estadual no Recife passaram mal e precisaram ser socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, após uma crise coletiva de ansiedade. Os jovens apresentaram sudorese, saturação baixa e , mas não precisaram ser removidos para unidades de saúde, após o atendimento emergencial.

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Raquel Berg, psicóloga e professora dos cursos Psicologia e Psicanálise da Uninter, explica que a crise coletiva de ansiedade é um termo popular para a psicologia das . “Nesse caso, entretanto, saímos do movimento gerado por uma causa ou um líder. Aqui entramos no movimento gerado por um anseio comum e por um conflito individual, que quando percebido como presente em outras pessoas, passa a funcionar como o elo desencadeador de reações comuns às crises de ansiedade individuais”, explica a profissional.

Bastante rara, a crise de ansiedade coletiva está mais propensa a acontecer em situações extremas de emergência, desastres ou acidentes, conta a psiquiatra Liliam Stange Rezende, da Paraná Clínicas. “No caso da escola, muitos jovens viveram a experiência de isolamento e medo de contaminação, mesmo que de formas e intensidade diferente. Por serem de um mesmo grupo, de um mesmo coletivo, ainda que a experiência individual tenha sido diferente, ao perceberem o rompante conflitivo da colega os demais passaram a expressar reações semelhantes”, destaca Raquel.

O que é a crise de ansiedade coletiva

Liliam explica que este é um episódio de mal-estar intenso e medo, que acontece subitamente, acompanhado por vários sintomas físicos como palpitações, falta de ar, tremores, no peito ou outros sintomas parecidos com uma crise individual.

“Uma crise de ansiedade coletiva pode ser entendida como um fenômeno de pânico em massa, onde emoções e reações negativas passam por um processo de contágio social e podem impactar um grande número de pessoas”, explica a psiquiatra. O pânico, nesse contexto, está mais relacionado com a perda de controle comportamental do que a um transtorno mental propriamente dito.

Segundo Raquel,
a crise de ansiedade coletiva, assim como muitos outros movimentos coletivos,
pode ser identificada quando há reações intensas semelhantes de diferentes
indivíduos que possuem determinadas questões em comum (pode ser a idade, a
experiência prévia, os ideais, uma experiência conflituosa comum etc.). “Essas
reações podem ser localizadas (ou seja, ocorrerem em um mesmo local como o que
aconteceu no Recife) ou até mesmo globais, quando vimos movimentos coletivos na
década de 1970 com pedidos de paz ao mundo”, destaca ela.

Quando acontece, o que fazer?

Para
prestar os primeiros socorros, Raquel orienta que sejam acionados os
profissionais habilitados para apoiar no atendimento, como SAMU, Corpo de
Bombeiros ou mesmo a guarda civil local.  Além disso, é importante verificar o estado de
saúde imediato dos envolvidos e entrar em contato com as famílias assim que a
crise estiver controlada para comunicar o ocorrido.

“Utilizar
de recursos como orientação à respiração e manter a atenção do paciente ativa
também são importantes, pois a volta da consciência ajuda no restabelecimento
do equilíbrio. Essas ações são emergenciais e indicadas para situações de
crise, diferente dos protocolos que utilizamos para prevenção e tratamento de
transtornos e crises”, acrescenta a psicóloga.

Além disso, Ana Paula de Aquino Mendes, médica psiquiatra da Paraná Clínicas, orienta que nesse momento não sejam feitas críticas ou julgamentos, é importante que as pessoas sintam-se acolhidas. E se persistirem sintomas de ansiedade, dificuldade pra retorno das atividades de rotina, alterações de sono e apetite ou outras queixas correlatas, Liliam indica que seja feita uma avaliação com um profissional da área de saúde mental.

Pandemia

A crise
coletiva pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais propícia em pessoas que
tiveram experiências ou valores em comum. Por exemplo, da mesma forma que
ocorreu com os jovens, pode ocorrer com outros grupos, como , pessoas
que frequentam os mesmos grupos religiosos, e até mesmo em crianças.

No caso da pandemia da Covid-19, Raquel conta que a experiência em comum de isolamento, a queda na economia familiar, a falta de socialização, o medo da própria morte ou a morte de entes queridos, além dos prejuízos educacionais e da saúde física pela reclusão, geraram um aumento dos problemas psíquicos, vivenciados por todas as pessoas.

A
descarga emocional oriunda dessa experiência traumática vinda de apenas um
indivíduo pertencente a um determinado grupo, segundo a psicóloga, é o
suficiente para provocar uma reação em cadeia, na qual os demais membros do grupo
passam a expressar as mesmas reações de sofrimento e conflito – em partes, um
comportamento de empatia e identificação, em partes o uso de um fator externo
que seja suficiente para liberar um sofrimento que até então estava escondido.

“Por dois anos fomos orientados a nos proteger da contaminação, de modo que o perigo foi relacionado com pessoas. Esta generalização precisa ser considerada, pois é possível que alguma crença permaneça e que faça a pessoa sentir que estar fora de casa pareça ser perigoso. É preciso falar sobre estas mudanças e estas representações, não no sentido de ensinar, pois racionalmente todos sabem que são coisas diferentes, mas emocionalmente ainda pode ter um mal-estar relacionado à essa socialização”, destaca Giseli.

Além do mais, Ana Paula destaca que as crianças e adolescentes ainda estão em formação e em desenvolvimento neuropsicológico, tornando-as mais vulneráveis. “Em uma fase em que a socialização e o grupo são fundamentais, as crianças, adolescentes e jovens foram privados de tudo isso. Ao mesmo tempo aumentaram o tempo de tela, o desejo por ‘likes’ nas sociais e o imediatismo. Isso também contribuiu para o aumento da ansiedade”, diz a especialista ao entender que o retorno às aulas pode ser um gatilho capaz de gerar ansiedade, medo, angústia e insegurança.

Prevenção

Investir na prevenção é muito importante, segundo Ana Paula. Para isso, é importante que seja conversado com as crianças e adolescentes sobre saúde mental sem tabu e preconceito, tanto na escola, como em casa. “Isso é o que a gente chama de educação emocional. Precisamos estimular que crianças e adolescentes falem sobre suas emoções, suas angústias, seus medos e suas inseguranças”, destaca a psiquiatra.

Liliam
orienta que pais e professores forneçam um apoio e escuta, condutas que reduzem
o medo e a ansiedade dos jovens. “Mostrar disposição para ouvir de forma
reconfortante, flexibilizar normas que são excessivamente rígidas e estimular
resiliência através da resolução de problemas, pode facilitar bastante o
processo de retomada a as atividades escolares”, diz ela.

Além da escuta, Raquel indica que os pais e professores também recebam algum tipo de assistência, uma vez que parte dos acontecimentos também está ligada à forma como os cuidadores lidam com suas próprias emoções. E manter hábitos saudáveis de vida, estimulando o esporte, a amizade e o lazer contribuem para prevenir possíveis crises de ansiedade. “Atitudes explicitas de solidariedade que dão ao outro a sensação de não estar sozinho também ajuda muito”, complementa Giseli.

Fonte: semprefamilia.com.br

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo