Acostumada a ouvir comentários negativos de colegas durante a infância, Talita Setúbal percebeu na prática como a família é importante para a construção da autoestima das crianças. “Falavam na escola que eu tinha ‘cabelo de bucha’, pele com cor de sujeira e que eu era muito magra, mas minha mãe dizia que eu era linda e que Deus tinha me feito perfeita”, relata a advogada.
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Por isso, mesmo que ficasse irritada ou triste com algumas opiniões, ela fazia questão de argumentar e de balançar o cabelo para falar que era bonito. “Aquilo fez diferença para que eu me aceitasse muito bem, e hoje transmito os mesmos valores à minha filha de 2 anos”, afirma, ao comentar que fala diariamente à menina o quanto ela é linda, inteligente, educada e obediente.
De
acordo com a psicóloga e educadora Marcia de Souza Furlan, isso é importante, pois
a autoconfiança, valor próprio e o reconhecimento das nossas capacidades começa
na infância. “Na verdade, antes mesmo do nascimento, por meio do toque, afeto e
do tom de voz que o bebê percebe enquanto está na barriga”.
E
isso, segundo a especialista, continua após o nascimento por meio das palavras
que ouve, demonstrações de carinho que recebe e das reações que vê nos momentos
tranquilos ou estressantes. “Ou seja, a criança movida a gritos, críticas e
humilhações de seus pais constrói uma visão de si mesma muito diferente daquela
que recebe elogios e apoio”.
Então,
o pequeno que é incentivado e valorizado em casa cria autoconfiança para se
levantar, tentar de novo, aprender novas palavras e conquistar notas melhores,
por exemplo. “Claro que sempre de acordo com a idade da criança”, pontua a
psicóloga, ao afirmar que a aceitação e acolhimento em cada dificuldade faz com
que os filhos sintam que pertencem à família e que são amados. “Algo essencial
para a autoestima que ainda está sendo elaborada”.
Além
disso, a psicoterapeuta explica que os homens têm papel fundamental para ajudar
suas filhas a se sentirem confiantes e seguras de si mesmas. “E, da mesma forma,
as mães são a primeira referência feminina para os meninos, e essa relação fará
toda diferença em como esses futuros homens vão se relacionar e se sentir”.
Por isso, uma característica fundamental dentro de casa deve ser o respeito por todos os membros da família para que a criança entenda que, se ela é respeitada, também deve respeitar os outros e a si mesma. “E, nesse contexto, qualquer forma de agressão ou violência é inaceitável”, aponta a psicóloga, ao citar ainda algumas dicas que podem ajudar os filhos, desde cedo, a construírem uma autoestima elevada que os ajudará durante toda a vida. Veja quais são:
- Acolhimento – é preciso suprir as necessidades emocionais
da criança com abraços, beijos e olhando nos olhos dela. “Então, ouça o que seu
filho tem para dizer sem estar fazendo outra coisa ou olhando para a tela do
celular, pois o foco nesse momento é ele”, orienta a educadora. - Apoio – ainda que seja mais fácil fazer
comentários positivos e de incentivo quando o filho é bem-sucedido em algo, lembre-se
que esse apoio também deve ocorrer quando a criança errar ou falhar. “Assim,
ela saberá que pode tentar de novo”. - Elogios – fale que seu filho é lindo, inteligente,
educado e sempre o parabenize pelas conquistas para que a criança saiba que
você se orgulha dela e que ela também deve ter orgulho de si mesma. - Aprendizado
sobre diferenças – mostre
que cada indivíduo é bonito como é, independentemente de seu tom de pele,
cabelo ou tipo de voz. Além disso, explique que cada pessoa tem habilidades diferentes
e que é isso que torna cada pessoa única e especial. - Tempo
de qualidade – dedique tempo
de qualidade ao seu filho para conhece-lo, ajudar nas atividades escolares e
viver momentos gostosos de lazer. - Regras – nos sentimos amados quando alguém cuida
de nós, então estabeleça limites para que seus filhos aprendam, desde cedo, o
que é bom para eles. - Resiliência
– permita que a criança
se frustre em situações condizentes com sua idade para que, aos poucos, ela
crie resiliência, aprendendo a recomeçar. “Isso, com certeza, fará diferença
quando ele se tornar um adolescente, jovem ou adulto”, finaliza Marcia.
Fonte: semprefamilia.com.br