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Agronegócio

Preocupações com as condições das lavouras de soja em MT geram desistências no cultivo de milho

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Produtores de soja em Mato Grosso seguem com os olhos no céu à espera das chuvas. A situação diante da estiagem prolongada nesta safra 2023/24 é considerada preocupante no estado, tanto que em algumas propriedades o atraso da semeadura chega a cerca de 30 dias em relação a temporada passada, enquanto em outras ainda nem começou, o que está levando alguns a desistirem do milho safrinha. Segundo relatos, já há comprometimento até mesmo para a janela do gergelim.

A irregularidade das chuvas e a ausência de umidade no solo seguem atrapalhando a semeadura nesta safra 2023/24. Até o dia 3 de novembro 83,32% dos cerca de 12,2 milhões de hectares destinados ao ciclo estavam semeados, conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado no dia 3 de novembro.

O percentual é menor que a média dos últimos cinco anos de 88,61% da área de soja semeada no estado nesta época. Já na temporada 2022/23 os produtores haviam plantado 93,57% da área até 4 de novembro.

“É o maior atraso da última série histórica de cinco anos. Mas, o que mais preocupa no campo são as condições das lavouras já semeadas. Altas temperaturas, chegando a 20, 25 dias sem chuva, o que tem comprometido e muito o desenvolvimento das lavouras, causando prejuízos difíceis de mensurar e replantios para serem avaliados”, pontua o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore.

Fernando Cadore salienta ainda que a entidade está acompanhando de perto a situação no campo, pois “isso traz muita preocupação e angústia, uma vez que o desenvolvimento é complexo e o produtor fica inseguro quanto a comercialização e investimentos”.

Produtor em Gaúcha do Norte, Gilberto Peretti está com cerca de 30 dias de plantio atrasado na soja em relação à safra 2022/23. Ele comenta ter semeado cerca de 100 hectares, dos quais aproximadamente 30 hectares irão necessitar de replantio.

“Com certeza vai dar uma quebra grande na produção. Já perdeu o arranque e o replantio não é igual ao plantio. Replantio sempre produz menos. Prejuízo grande esse ano”, diz.

Produção menor na média dos últimos anos

Em Sorriso, o produtor Ronan Poletto revela estar com o plantio atrasado em 12 dias devido as irregularidades das chuvas. Ele acredita que diante da situação vivida nesta safra 2023/24 a produção na propriedade deverá ser cerca de 15% menor em relação à média das últimas cinco safras.

“Ano passado foi muito bom. Em relação à média dos outros anos, vamos supor dos últimos cinco anos, acredito que vai dar uns 15% a menos. Estamos sofrendo demais com a estiagem. Se conseguir 55 sacas por hectare de média seria um fato histórico. O ano passado conseguimos 64 sacas de média”.

De acordo com o produtor Oleonir Favarin, de Santo Antônio do Leste, a semeadura nesta safra está em torno de 20 dias atrasada. Dos 300 hectares que conseguiu plantar, 120 hectares foram replantados.

“Aqui na minha área depois que fiz o último plantio fiquei 20 dias sem chuvas. Até agora não dá para falar muita coisa [produtividade], porque tem muita coisa para acontecer. Mas, em relação ao clima que está para vir a previsão não é muito boa não”.

Janela do milho arriscada gera desistência

O atraso no plantio da soja em Mato Grosso preocupa quem vai plantar o milho safrinha a partir de janeiro. Conforme os produtores, a janela apertada e os riscos de uma baixa produtividade, principalmente mediante os custos altos e preços baixos pagos pela saca de 60 quilos, não valem a pena ser corridos.

Na Fazenda Galera, em Conquista D’Oeste, segundo o engenheiro agrônomo Leonardo Marascas, a semeadura da soja ainda não começou, assim como em outra propriedade em Pontes e Lacerda. Ele lembra que na safra 2022/23 o plantio da oleaginosa estava em 81% e 83% nas respectivas propriedades.

“A infelizmente não tem nenhum hectare planto devido à falta de chuvas. Para nós já ficou inviável a cultura do milho safrinha. Se a gente fizer uma conta simples, se plantasse hoje um material de 120 dias, ia colher por volta do dia 7 de março. Então, extrapola a janela. Os pedidos de sementes que a gente tinha já foram cancelados. O impacto é muito grande”.

A opção em não semear o milho safrinha também é vista na propriedade do produtor Gilberto Peretti, em Gaúcha do Norte. “Sem chances de plantar. Está muito tarde já. Está ficando tarde até para o gergelim”.

Nesta semana o Imea divulgou o terceiro levantamento de safra 2023/24 para o milho. As projeções apontam uma extensão de 7,202 milhões de hectares com o cereal, 1,08% a menos do que o projetado em outubro de 7,281 milhões de hectares. Ou seja, 78.787 mil hectares a menos na variação mensal. Em relação à safra 2022/23 o decréscimo sobe para 3,86%.

“Essa queda foi pautada, principalmente, pela desmotivação dos produtores em semear milho, devido à dificuldade em pagar o custo de produção, visto o preço do cereal, além do atraso na semeadura da soja, por conta das condições climáticas, que tende a impactar a “janela ideal” da semeadura do milho de segunda safra no estado”, explicou o Imea no terceiro levantamento de safra.


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Fonte: canalrural

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