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Agronegócio

O que esperar do mercado do boi em 2023?

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O mercado de boi gordo brasileiro está em um momento de franca expansão, é o que diz a consultoria Safras & Mercado. De acordo com o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias,  os pecuaristas brasileiros realizaram uma série de investimentos a partir do segundo semestre de 2019.

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Foto: Arnaldo Alves / AEN

“Não é exagero mencionar que o país atravessa uma revolução zootécnica, com pesados investimentos em genética, nutrição animal e refino das técnicas de manejo. O processo de descolamento dos preços, após a habilitação de mais de 30 frigoríficos brasileiros para exportar para a China alterou sensivelmente a dinâmica do mercado”, diz o analista.

Os ganhos de capacidade produtiva, após todo o investimento realizado foram perceptíveis em 2022, com avanço gradual da oferta de animais de reposição. A tendência é que em 2023 o crescimento da oferta de animais da categoria seja ainda mais notável.

“Com uma curva de preços menos atraente é natural que haja ampliação do abate de matrizes, levando ao processo de inversão de ciclo”, explica.

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A expectativa é que o Brasil abata em torno de 33,6 milhões de bovinos no próximo ano. O crescimento é de aproximadamente 3,9% na comparação com 2022, em que foram abatidos 32,34 milhões de cabeças.

A consequência do aumento do número de animais abatidos é bastante lógica: haverá avanço da produção de carne bovina. Em 2023 o Brasil deve produzir em torno de 9,0 milhões de toneladas em equivalente carcaça, ante uma produção de 8,7 milhões de toneladas em equivalente carcaça esperadas para 2022.

No que tange às exportações, Iglesias entende que o Brasil deve manter a liderança global dos embarques de carne bovina em 2023, no entanto, sem repetir os números espetaculares registrados em 2022. “Os últimos meses do ano corrente serviram de alerta, com agressivo processo de renegociação de contratos por parte dos importadores chineses”, destaca.

No próximo ano a expectativa é de aumento da produção de carne bovina na China para 7,5 milhões de toneladas, ante a produção de 7,1 milhões de toneladas em 2022. Ou seja, serão 400 mil toneladas a mais entre um ano e outro. Haverá menor dependência das importações para atender a demanda doméstica chinesa.

Exportações e mercado doméstico    

No entanto, conforme Iglesias, o Brasil seguirá exportando grandes volumes de carne bovina. Isto deve ocorrer por conta dos preços mais competitivos e maior capacidade produtiva para atender a demanda global na comparação aos nossos grandes concorrentes. Os Estados Unidos atravessam um processo de encolhimento em seu rebanho, da mesma maneira que a União Europeia.

Argentina e Uruguai também experimentam maiores dificuldades em termos de capacidade produtiva. A Austrália atravessa também um lento processo de recomposição de seu rebanho.

Em 2023, o Brasil tende a exportar em torno de 3,29 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Em 2022 o volume foi de aproximadamente 3,37 milhões de toneladas em equivalente carcaça, com uma retração de 2,15%.

No que tange à oferta doméstica de boi gordo, haverá maior volume ofertado em 2023, com aproximadamente 5,75 milhões de toneladas em equivalente carcaça, ante a disponibilidade interna de 5,4 milhões de toneladas em equivalente carcaça em 2022, ou seja, um crescimento de 6,86%.

O analista enfatiza que a exportação de carne bovina foi um enorme diferencial para o descolamento dos preços do boi gordo e da carne bovina em anos recentes. Com mudanças em curso no que diz respeito à capacidade produtiva e, também, em relação às exportações, a expectativa é que realmente haja uma maior dependência da demanda doméstica para que o setor alcance um novo ponto de equilíbrio em níveis mais baixos do que os atuais.

Retomada

Para Iglesias, a queda dos preços da carne de boi fará com que a parcela da população, que migrou em direção a proteínas mais acessíveis, retome o consumo de sua proteína de preferência. Assim, deverá impactando na formação dos preços da carne de frango e da carne suína.

“Nesse caso haverá a necessidade de todo o setor se adequar a essa nova realidade em termos de oferta”, finaliza o analista.

Fonte: canalrural

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