Com exceção do Rio Grande do Sul, todos os estados brasileiros seguem com bom desempenho em suas lavouras de soja. Essa é a avaliação do analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
Segundo ele, mesmo se a falta de chuva expressiva em solo gaúcho persistir neste mês de janeiro, causada pelo terceiro ano de fenômeno La Niña, o Brasil deve ter safra recorde, ultrapassando as 150 milhões de toneladas produzidas.
“Na temporada 21/22, o problema da seca foi mais generalizado, abrangendo toda a Região Sul, além de Mato Grosso do Sul. Era para termos colhido cerca de 145 milhões de toneladas, mas só produzimos em torno de 127 milhões de toneladas. Já nesta safra a questão climática é mais pontual e estamos trabalhando com expectativa de uma safra de 154,5 milhões de toneladas”, explica.
Potencial produtivo no Norte e Nordeste
Roque lembra que as regiões Norte e Nordeste do Brasil têm demonstrado força na produção de soja. Prova disso é o estado do Pará – sede da Abertura Nacional da Colheita da Soja 22/23 – onde apesar de o excesso hídrico poder atrapalhar o desenvolvimento de algumas lavouras, a estimativa é produção recorde de 2,9 milhões de toneladas em uma área que se aproxima de 900 mil hectares plantados.
“Essa produção que se expande no Norte e Nordeste também é incentivada pelo escoamento da produção pelo Arco Norte. Temos grandes portos trabalhando com volumes cada vez maiores, sendo o Porto de Barcarena um grande exemplo. Assim, ao longo dos próximos anos, devemos ter um aumento da produção sendo exportada por esses portos”, considera.
De acordo com o analista, a pujança brasileira na produção de soja, alavancada pelo Norte e Nordeste, deve fazer o Brasil superar o recorde de 86 milhões de toneladas exportadas em 2020. “O Pará já superou o seu recorde de 2020 em 2022, se aproximando de 2,5 milhões de toneladas exportadas”, diz.
Entrada de safra de soja
O analista de Safras & Mercado adverte os produtores que já é esperada uma pressão por entrada de safra em fevereiro. “Então é importante o produtor ficar atento porque isso pode pressionar os preços brasileiros por mais que Chicago e o dólar estejam em patamares elevados”.
Segundo ele, esse tipo de pressão sazonal é comum entre fevereiro e março, mas deve se intensificar ainda mais em 2023 pela projeção de uma safra superior as 150 milhões de toneladas.
Fonte: canalrural