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Agronegócio

Milho em Mato Grosso: Produtores enfrentam desafios com janela apertada e risco de baixa produtividade

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Os custos elevados, a desvalorização da saca de 60 quilos e a janela apertada com risco de baixa produtividade desanimam quem pretende plantar o milho segunda safra em Mato Grosso. Em alguns municípios já há produtor sinalizando cancelar a compra de insumos para o cultivo do cereal. Situação que coloca em alerta o setor de revendas no estado.

O agricultor Fernando Pezzini vem enfrentando dificuldades para concluir o plantio da soja. O trabalho, conforme ele, teve que ser interrompido por causa da estiagem prolongada e das altas temperaturas no solo. A fazenda fica em Tangará da Serra, município que decretou estado de emergência na última semana por causa da seca.

“Estou tentando fazer o manejo nessas áreas plantadas para manter o potencial, porque já está prejudicado, e esperando a chuva voltar para seguir com o plantio. Estamos desde o dia 11 de outubro com o plantio parado e vai ficar uma janela bem longa, uma data da outra, o que não é normal para a gente”.

De acordo com Fernando Pezzini, o atraso da soja está colocando o cultivo do milho em patamar de risco, além de deixar dúvidas sobre o cumprimento da janela ideal de segunda safra para o grão. Para evitar possíveis perdas, a estratégia adotada na propriedade foi mudar o planejamento da cultura para a próxima temporada.

“Esse ano vai diminuir de 1.287 hectares e vai ficar só com um mil hectares plantado. Mesmo que chova, hoje não consegue mais. Já perdeu. Já está fora. O ideal é fazer uma boa janela e o que ficar fora manter cobertura para proteger o solo. No patamar de hoje, nosso carro chefe é a soja. Com clima adverso e preço ruim, o produtor vai ficar seguro, tirar os pés do acelerador e esperar esse momento ruim passar. Essa é a estratégia hoje”.

Cenário preocupa

O cenário também deixa em alerta integrantes de um grupo de agricultores, que junto com Fernando Pezzini, cultivam cerca de 200 mil hectares no município.

“Nós temos 70% da área plantada. Dois clientes ainda nem iniciaram o plantio, porque não choveu. Se não chover até o final de semana já teremos de 10% a 15% da área plantada que vai para o replantio. É um ano bastante atípico, muito quente e preocupante o cenário”, frisa o produtor e proprietário da PA Consultoria, Paulo Assunção.

Paulo Assunção comenta ainda que dentro do grupo há uma previsão de redução de 25% da área da segunda safra para o próximo ano.

“Nós atrasamos esse ano o planejamento do milho justamente para ter mais certeza e mesmo assim da semana passada para cá já reduziu mais quatro mil hectares dentro do grupo. Estamos fazendo essa semana as compras e os clientes estão vindo aqui para montar os seus planejamentos, escolher os materiais”.

Cancelamentos de pedidos de insumos

Segundo Paulo Assunção, ao contrário de quem deixou para comprar agora os insumos para plantar o milho segunda safra com o intuito de observar o andamento da soja, alguns agricultores que adquiriram antecipadamente estão cancelando seus pedidos.

“Eu converso muito com o pessoal das multinacionais de sementes de milho e eles têm relato que realmente houveram cancelamentos de pedidos, pedindo para entregar na outra safra, porque realmente eles não têm janela para utilizar a semente que foi adquirida por não conseguir plantar. Então, você só tem que plantar na época boa para você ter uma boa produtividade, porque o custo hoje passa de 100 sacas por hectare”.

O presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Romeo Chiochetta, conta que 40% da área destinada para a soja para ser plantada ainda no município.

“Esse El Niño está muito diferente. A gente está aqui há muitos anos e nada parecido com o que está acontecendo esse ano. Esse volume grande ainda a ser plantado e um risco de replantio de parte do que já está plantado. É uma interrogação bastante grande para a gente falar em números reais do que vai baixar de produtividade aqui no município”.

A previsão de queda na área da segunda safra de milho em Mato Grosso também preocupa as revendas de insumos.

“Já temos produtores que não vão plantar mais milho ou que vão plantar metade da área ou apenas 30%. Uns vão plantar 70%. Isso é fato que 100% nós não vamos ter clientes plantando a área total do milho. É um ou outro. Embora o plantio seja rápido e a colheita, a janela ficou tarde. O produtor não vai arriscar em virtude desse fenômeno, cuja tendência dele é chover muito em dezembro, janeiro, fevereiro e março e cortar em abril como nós vimos nos últimos anos sobre o fenômeno El Niño”.


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Fonte: canalrural

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