Mato Grosso se mantém muito à frente dos demais quando o assunto é produção de soja geneticamente modificada. Nesta safra 2022/23, os agricultores do estado devem cultivar 41,5 milhões de toneladas do grão, conforme estimativa da consultoria Safras & Mercado.
No entanto, por trás dessa pujança, existe um preço cada vez mais alto para a instalação da lavoura. De acordo com o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), referente a outubro, é possível verificar que o custo operacional total pago pelo sojicultor foi de R$ 3.524,29 por hectare na safra 2019/20 para R$ 7.079,82/ha na atual temporada. Assim, a variação oscilou 100,8% em apenas três anos.
Este cálculo não inclui os custos de oportunidade, ou seja, o capital circulante, compra de máquinas e implementos, benfeitorias e custos de oportundiade da terra. Ao inserir esses fatores na equação, o aumento é ainda mais elevado: 109,3%, de R$ 3.969,97 ante R$ 8.312,87 por hectare.
O que tem motivado a alta?
Vários insumos contribuíram para o incremento nos preços entre as safras 19/20 e 22/23 de soja, mas engana-se quem pensa que os fertilizantes e corretivos foram os principais vilões. A matéria-prima com a maior elevação no período foi a semente, incluindo as de cobertura. O aumento foi de impressionantes 187,5%, saltando de R$ 248,41 por hectare para R$ 714,29.
Nessa esteira de gastos vêm os defensivos, com alta de 135,6% (R$ 896,47 – R$ 2.112,10/ha). O que também chama a atenção neste produto foi o acréscimo de valores em apenas um mês. Em setembro, o produtor pagava, em média, R$ 1.569,24 pela aplicação de herbicidas, fungicidas, inseticidas e adjuvantes em cada hectare. Já em outubro esse número saltou para R$ 2.112,10.
Em seguida, o fator que mais fez o produtor de soja desembolsar dinheiro para instalar sua lavoura foi o arrendamento de terra. Se antes pagava R$ 158,50 por hectare, hoje em dia precisa arcar com R$ 357,99, ou seja, 125,8% a mais.
Os fertilizantes e corretivos são apenas o quarto insumo que mais impactou os custos de produção. No entanto, o preço aumentou exponencialmente na última safra, sendo a lembrança mais recente do produtor sobre o encarecimento da lavoura. O acumulado dos últimos três ciclos mostram que essas matérias-primas dobraram de preço, partindo de R$ 887,99 por hectare para R$ 1.777,35 em outubro deste ano.
E no que o produtor de soja economizou?
Nas atividades de pós-produção, como classificação e beneficiamento e armazenagem da colheita, houve economia ao produtor. Isso porque o levantamento do Imea aponta decréscimo de 31,4% nessas despesas. Com isso, o sojicultor que pagava R$ 211,30 por hectare de soja produzida, passou a desembolsar R$ 144,95.
A exceção foi o transporte da produção, com encarecimento de 11,2%, explicado, principalmente, pelo aumento do preço do diesel. Por último, a mão de obra permanente e temporária não apresentou elevação significativa (R$ 132,72 por hectare semeado para R$ 135,76) nos últimos três anos.
Fonte: canalrural