Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Descubra como os genótipos resistentes estão combatendo a podridão da soja

2024 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Mato Grosso está às vésperas do plantio de mais uma safra de soja. A preocupação recorrente das últimas três temporadas com o apodrecimento dos grãos e quebramento de hastes mais uma vez entra em cena e tira o sono do agricultor. A pesquisa já identificou as possíveis causas do problema, mas ainda de mais prazo para dar respostas conclusivas. Enquanto isso, a palavra de ordem dos especialistas é atenção redobrada no manejo que antecede o plantio e no monitoramento durante o ciclo da cultura para evitar prejuízos.

As projeções para a safra 2023/24 de soja no estado apontam para uma área de 12,2 milhões de hectares. A preocupação maior quanto a anomalia é especialmente nas regiões que registraram maior número de ocorrências em safras anteriores, como Jaciara e Paranatinga.

A anomalia da soja é tema do episódio 101 do Patrulheiro Agro.

patrulheiro agro 53 anomalia na sojapatrulheiro agro 53 anomalia na soja
Foto: Dia De Ajudar Mato Grosso

Presidente do Sindicato rural de Paranatinga, Carlinhos Rodrigues pontua que “a anomalia foi um problema que surgiu” nos últimos anos e que vem ganhando cada vez mais grandes proporções.

“Em municípios atingidos a perda é muito grande. Ela vem devastadora para nós. Então é prejuízo. Nós temos que correr atrás de informações para tentar evitar ao máximo [as perdas]. Há casos em que ela compromete 20%, 30% da variedade ou do talhão, da fazenda”.

Em Jaciara, cerca de 146 quilômetros de Cuiabá, a soja deve ocupar uma área de três mil hectares na propriedade do agricultor Jefferson Schinoca. A área, segundo ele, é 10% menor que na última temporada.

“A gente está entrando na próxima safra sem expectativa nenhuma, sem ajuda para saber o problema que é, porque se tiver o produto certo para fazer o agricultor vai fazer. Ele não vai deixar perder a área dele”, diz Jefferson Schinoca.

Causa e efeito

De acordo com o pesquisador da Universidade de (UPF), Erlei Melo Reis, a anomalia da soja é um problema novo e que vem aumentando sobretudo nas últimas safras.

“Nós como pesquisa, como princípio da fitopatologia, nós precisamos trabalhar com relação a causa e efeito. A causa da abertura da vagem está bem distinta na literatura brasileira que é um déficit hídrico com veranico entre 5.2 até R6. Bem no final do R6 adiante, quando retornam as chuvas, fungos saprofíticos, oportunistas com a umidade, colonizam esses grãos. Então, essa é a causa da anomalia e os pesquisadores tem demonstrado que existe uma variabilidade gené então é possível nos campos de melhoramento genético, nessas empresas que assim trabalham, selecionar variedades resistentes”.

anomalia da soja patrulheiro agro foto pedro silvestre canal rural mato grossoanomalia da soja patrulheiro agro foto pedro silvestre canal rural mato grosso
Foto: Pedro Silvestre/Dia De Ajudar Mato Grosso

Mestre em fitopatologia, Erlei Melo Reis salienta que a quebra da haste também é um problema que não possui origem parasitária.

“Ainda estamos trabalhando, investigando para saber qual é a causa. Mas, provavelmente esteja envolvida com uma falta no melhoramento de não trabalhar na presença da causa”.

O pesquisador comenta que nos últimos dez anos o Ministério da Agricultura lançou cerca de 1,5 mil novas cultivares. Só neste ano foram 240.

Riscos de perdas na soja ainda existem

Mesmo com os avanços na pesquisa sobre a identificação das possíveis causas do patógeno, os especialistas alertam para o risco de perdas de produtividade na safra 2023/24 de soja tanto por quebramento de haste quanto por apodrecimento de grãos. Para evitar o prejuízo, a recomendação é manter a atenção redobrada no manejo que antecede o plantio e no monitoramento durante o ciclo da cultura.

“Esse ano ainda será um ano ainda em que a gente vai entender mais em termos de pesquisa e o produtor pode ainda sofrer um pouco com esse problema na fazenda. Assim como fizemos nessa última safra, é preciso continuar monitorando as nossas áreas, prestar bastante a atenção no que temos disponível, por exemplo, o comportamento de cultivar, de fungicida”, frisa o diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, Fábio Kempim Pittlelkow.

Pesquisador na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, Fernando Cezar Juliatti, frisa que daqui para frente o comportamento do germoplasma brasileiro terá de ser estudado.

“Com certeza nós temos genótipos resistentes e entender a genética dessa resistência para que o melhorista possa, independente da detentora no Brasil ou a própria pesquisa oficial, selecionar esse genótipo mais promissor e logicamente resolver o problema via genética. O químico ele é importante no tratamento de semente ou na pulverização, mas não é ele que vai resolver o problema. É a genética da nossa soja. Temos aí possibilidades de estabelecer programas de melhoramentos, os agentes de seleção e o melhorista trabalhar com tranquilidade e resolver o problema em dois, três anos”.

 

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro

 

Clique aqui, entre em nossa comunidade no WhatsApp do Dia de Ajudar Mato Grosso e receba notícias em tempo real.

Fonte: canalrural

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.