O Brasil começou a exportar milho para a China, após um novo acordo entre os dois países. A estimativa é que de quatro a seis navios transportem o cereal brasileiro para o país asiático já neste mês de novembro. Esse novo negócio para o agronegócio pode, dependendo de como ele for proceder na prática, impactar o mercado interno, avalia o diretor da AgResource Brasil, Raphael Mandarino. Ele falou sobre o tema ao ser entrevistado pelo Canal Rural. Ele conversou com a jornalista Pryscilla Paiva, apresentadora do ‘Mercado & Companhia’.
1 — Como esse novo acordo afeta o mercado interno e externo?
Muito vai depender do apetite chinês e o quanto a gente pode confiar nos dados. Fala-se muito em redução drástica do PIB chinês, diferentemente do que os dados oficiais mostram. Mas, de uma forma geral, esse acordo vai movimentar o mercado, pensando principalmente para o lado da exportação. Possivelmente, a exportação até a virada para 2023 na casa do meio milhão de toneladas [de milho brasileiro embarcado para a China]. Mas a gente ainda entende como compras testes.
O que pode movimentar [mais] é o quanto a China vai deixar de comprar dos Estados Unidos e vir comprar aqui em origens sul-americanas. Pode apertar o quadro de oferta e demanda. Ou pode, diante de uma expectativa frustrada, aliviar em função de uma produção positiva e boa, que a gente ainda está estimando em 127 milhões de toneladas para a temporada 2022-23.
2 — Vai ser preciso antecipar as compras?
O mercado vai no cenário doméstico, nessa primeira safra, se movimentar [antecipar compras], mas no safrinha, a gente tem condições de atender essa demanda interna. A gente está um tanto quanto cético em projetar compras muito maiores pela China.
3 — Já uma previsão de embarque a curto e médio prazo?
Esse meia milhão de toneladas deve até o começo de 2023 se concretizar. Tem gente muito otimista, estimando que no próximo ano podemos exportar 5 milhões de toneladas de milho para a China.
4 — Como esse cenário pode afetar a oferta brasileira e mundial?
Muitos dos dados a gente vai conseguir bater com os números do USDA, que vai “tradear” esse mercado. Por enquanto, estamos bastante otimistas em relação à produção, mas céticos em relação aos preços.
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Fonte: canalrural