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Agronegócio

Chuva intensificou daninhas na soja. Químicos e plantio consorciado são soluções

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Planta daninha na lavoura de soja. Foto: Arquivo Canal Rural

O início do plantio da soja na safra 2022/23 veio acompanhado de chuva abundante, principalmente no Centro-Oeste e Sul do país. A umidade no solo, claro, é benéfica à semeadura, mas também pode favorecer o surgimento de inimigos já bastante conhecidos do produtor: as plantas daninhas.

Assim, a buva – com maior incidência no Sul e Sudeste – e o pé-de-galinha e a vassourinha-de-picotão, que aparecem mais no Centro-Oeste, além de outras espécies, ganham cada vez mais força em um cenário de resistência a herbicidas.

Tal cenário é preocupante porque é justamente no início do cultivo que a soja define boa parte de seu potencial produtivo. Para o gerente de marketing da Ihara, Roberto Rodrigues Júnior, o agricultor deve lançar mão de duas práticas para combater esse mal.

“Em Mato Grosso, por exemplo, a adoção de herbicidas pré-emergentes está em 50% nesta safra, de acordo com a Sparker, e a tendência é de aumento. Mas esse produto sozinho não é suficiente. É importante fazer uma boa dessecação de forma antecipada”, instrui.

Lançamentos para a soja

Nesta linha, a empresa lançou recentemente o Kyojin, herbicida voltado ao combate às daninhas resistentes nas culturas da soja e do milho. Segundo o especialista, o produto tem eficácia contra capim pé-de-galinha, buva, digitarias e outras plantas. “A ação residual, de contato e sistêmica de Kyojin mantém a lavoura no limpo por mais tempo e faz com que o herbicida seja efetivo no controle em pré-emergência das gramíneas e daninhas de folhas largas presentes na lavoura”, ressalta.

Além disso, há também o Burner, dessecante pré-plantio. A tecnologia contribui com o manejo de plantas daninhas em pós-emergência, eliminando a matocompetição e plantas hospedeiras de pragas e doenças.

Porém, antes de proceder com as aplicações, cabe ao produtor identificar quais as plantas daninhas mais críticas em sua lavoura. Assim, caso identifique pragas em estádios mais avançados ou de difícil controle na área, pode ser necessária a realização do manejo sequencial.

De acordo com Rodrigues Júnior, a matocompetição de plantas daninhas com a soja pode reduzir em até 80% a produtividade das lavouras.

Estudo Embrapa focado em plantio consorciado

Consórcio sorgo soja - cerrado

Plantação de sorgo. Foto: Robélio Marchão (Embrapa Cerrados)

Outra solução que visa reduzir a incidência de plantas daninhas na soja é o plantio consorciado com gramíneas forrageiras. Estudo realizado pela Embrapa Cerrados (DF) observou diminuição de até 87% do peso seco dessas espécies invasoras.

Paralelamente, a técnica resultou em ganhos de 8% de produtividade média da oleaginosa. Esses resultados indicam que as gramíneas forrageiras, além de atuarem como plantas de cobertura do solo, podem ser inseridas em sistemas consorciados ou em sucessão como uma das estratégias para intensificação sustentável do sistema agrícola.

Utilização de sorgo

A pesquisa avaliou o plantio do sorgo granífero consorciado com as espécies forrageiras braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis) e o capim-marandu (U. brizantha) no cultivo de segunda safra da soja cultivada em sucessão no verão.

O objetivo foi observar como a dinâmica de plantas daninhas no campo é influenciada pelo cultivo de sorgo na safrinha em dois espaçamentos entre linhas (0,5 m e 0,7 m) consorciado com as duas gramíneas e nos cultivos solteiros das três espécies. Uma área cultivada com soja e deixada em pousio no restante do ano também foi avaliada.

O experimento foi conduzido durante dois anos consecutivos, e as avaliações realizadas durante o ciclo do sorgo na safrinha e na soja em sucessão. Os pesquisadores analisaram ainda a população e a matéria seca e o banco de sementes de plantas daninhas no solo durante os dois anos agrícolas.

Impacto na produtividade da soja

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Lavoura de soja com máximo potencial produtivo

O estudo também mostrou que, independentemente do espaçamento do sorgo, a braquiária ruziziensis apresentou maior produção de biomassa em comparação com o capim-marandu, sendo mais eficiente na cobertura do solo na safrinha.

Segundo os pesquisadores, isso refletiu em maior rendimento de grãos da soja – no cultivo em sucessão à braquiária ruziziensis no consórcio, a produtividade média foi de 3.196 kg/ha (53,2 sacas), sendo 11% superior ao cultivo em sucessão ao pousio (2.874 kg/ha – 47,9 sacas) e 8% superior ao cultivo em sucessão ao capim-marandu (2.948 kg/ha – 49,1 sacas). A presença da braquiária ruziziensis foi determinante para o aumento da produtividade de grãos de soja mesmo em cultivo solteiro na safrinha (3.317 kg/ha – 55,2 sacas).

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