Nesta sexta-feira (3), a Suzano, empresa de papel e celulose que teve três fazendas invadidas nesta semana, conseguiu mais uma liminar na Justiça para a reintegração de posse. Dessa vez, a decisão judicial se deu em relação à propriedade em Teixeira de Freitas, no sul da Bahia.
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Dessa forma, a Suzano conta com duas decisões favoráveis à reintegração após manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ter invadido três fazendas da companhia espalhadas por municípios do sul baiano. Na quinta-feira (2), a decisão sobre reintegração se deu referente à propriedade localizada em Mucuri.
De acordo com nota divulgada à imprensa pela empresa, a ação referente ao município de Caravelas segue em análise pela Justiça estadual. Nesse sentido, a companhia espera receber a mesma determinação de reintegração de posse no decorrer dos próximos dias.
Reintegrações de posse no sul e no norte da Bahia
Ainda na Bahia, mas agora na região norte do estado, invasores que ocupavam uma fazenda em Jacobina, também desde o início da semana (como no caso do sul baiano), foram retirados do local.
De acordo com informações apuradas pelo Dia de Ajudar Bahia junto a moradores do distrito de Itaitu, no município de Jacobina, um acampamento formado por aproximadamente 150 pessoas do MST, e que estava instalado na Fazenda Limoeiro, foi desfeito nesta sexta por produtores e moradores da região. A Polícia Militar também compareceu ao local, mas, segundo as testemunhas, apenas atuou de forma a evitar o confronto entre os grupos.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município de Miguel Calmon, mas que representa toda a microrregião agrícola da qual Jacobina faz parte, Lando Lima, disse, em entrevista a uma emissora de rádio local, que a fazenda invadida pertence a herdeiros. Ele garantiu que, diferentemente do que alegam os invasores, a propriedade não estava abandonada.
“Contra a invasão à propriedade privada, seja ela rural ou urbana” — Lando Lima
“Estamos preocupados, pois essa situação que a gente está vivendo em Jacobina pode se alastrar por toda a região. Como temos colocado, não somos contra em hipótese nenhuma à reforma agrária, mas somos contra a invasão à propriedade privada, seja ela rural ou urbana”, disse Lima à Jaraguá FM. “Encabeçamos esse movimento, que é uma manifestação pacífica. Não temos a intenção de confronto nem de bater de frente com ninguém, mas é a nossa forma de mostrar que nós estamos unidos e que temos representatividade”, complementou.
Fazendeiro relata ameaça
Também em entrevista à Jaraguá FM, Amadeu Pires Júnior, um dos proprietários da Fazenda Limoeiro, disse que foi hostilizado pelos invasores ao chegar à propriedade para a ação de reintegração. “Fomos tratados a troco de ameaça. Todos com arma na mão. Inclusive, teve um deles que partiu para cima da gente e tivemos que recuar.”
“Temos áudios gravados, que já estão em posse da Justiça, que mostram que agimos o tempo todo na maior educação”, relatou o fazendeiro. “Saímos tristes, decepcionados”, lamentou, de forma emocionada, o produtor. “A gente tem providenciado os bens legais à Justiça. Já prestamos a queixa na delegacia, conforme fomos orientados”, prosseguiu Amadeu.
O produtor reforçou que a fazenda, de 1.188 hectares, não é improdutiva, como afirmou o movimento. Conforme destacou, por lá existem mais de 100 cabeças de gado e dezenas de cabeças de ovinos, além de uma área destinada à preservação ambiental. A Fazenda Limoeiro está localizada entre os municípios de Miguel Calmon e Jacobina.
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Editado por: Anderson Scardoelli e Rafael Bruno..
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Fonte: canalrural