A área infestada com a praga conhecida como cigarrinha-do-milho cresceu 343% nas últimas duas safras, segundo pesquisa encomendada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg) à Kynetec Brasil.
Saiu de 2,689 milhões de hectares atacados pela praga em 2020, alcançou 5,690 milhões de hectares (36% da área plantada com milho segunda safra) em 2021 e mais que dobrou em 2022 em relação ao ano anterior, atingindo 11,919 milhões de hectares (68% da área cultivada com milho safrinha).
A cigarrinha prejudica o desenvolvimento das espigas, resultando na doença complexo dos enfezamentos.
O presidente do Sindiveg, Júlio Borges Garcia, argumenta que o combate a pragas é um dos maiores desafios da agricultura no Brasil, em virtude do clima tropical, quente e úmido, e do fato de o País ser um dos únicos com mais de uma safra anual.
Em nota, ele defende que mesmo com o avanço da praga, o uso de defensivos contribuiu para produtores manterem o nível elevado de produtividade nas lavouras.
“Além de controlar plantas invasoras, eles protegem os cultivos e contribuem para o aumento da produtividade com eficiência e segurança dentro de todos os padrões científicos avaliados; permitem que as plantas cresçam e deem frutos, ao protegê-las do ataque e da proliferação de fungos, bactérias, ácaros, vírus, plantas daninhas, nematóides e insetos considerados pragas ou causadoras de doenças”, afirma.
A pesquisa encomendada pelo Sindiveg também levantou a área infestada com cigarrinha e que foi tratada com defensivos agrícolas (PAT, ou área total tratada).
O cálculo considera a área cultivada com milho safrinha multiplicada pelo número de aplicações de defensivos e pelo número de produtos formulados em cada aplicação.
Os 12 milhões de hectares infestados com a cigarrinha-do-milho receberam 2,42 aplicações de defensivos, cada uma delas com, em média, 1,14 produtos, o que leva a uma área tratada total de 32,813 milhões de hectares em 2022, 177% superior à área tratada em 2021, de 11,830 milhões de hectares.
Tomando por base os últimos dois anos, o crescimento da área tratada foi de 624%, saindo de 4,533 milhões de hectares em 2020.
Além do ataque da cigarrinha-do-milho às lavouras do cereal, Garcia destacou a incidência da ferrugem e do percevejo em plantações de soja, da mosca-branca e do bicudo nos cultivos de algodão e do mofo branco nos de feijão.
O Sindiveg informou que desenvolveu uma plataforma de ensino à distância com treinamentos gratuitos sobre o uso correto de defensivos agrícolas, alinhados ao escopo do Programa Aplicador Legal, do Ministério da Agricultura, que tornará obrigatória a qualificação de trabalhadores rurais que aplicam defensivos.
Mais de 30 mil produtores já foram treinados pela plataforma e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), parceiro da entidade na iniciativa. Empresas associadas ao Sindiveg também têm desenvolvido atividades relacionadas à conciliação da agricultura com a apicultura, por meio do projeto Colmeia Viva.
Fonte: canalrural