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Agronegócio

Amaggi conquista licença ambiental para fabricação de agrotóxico em Mato Grosso, segundo investigação jornalística

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Reportagem assinada pelo jornalista Guilherme Amado, publicada na página PlatôBR, revela que a gigante Amaggi conseguiu licença para produzir agrotóxico no Distrito Industrial de Cuiabá, local classificado no texto como “portão de entrada do Pantanal”. 
Leia abaixo a reportagem na íntegra:

A Agropecuária Maggi (Amaggi) recebeu do governo do Mato Grosso, em 30 de dezembro de 2024, uma licença de operação para produzir agrotóxicos em sua planta em Cuiabá, capital do estado e portão de entrada do Pantanal. A capacidade de produção será de 283.335 litros por mês.
A autorização foi para operar no Distrito Industrial de Cuiabá. O Pantanal é um ecossistema extremamente sensível, repleto de planícies alagadas e de grande diversidade de fauna e flora. O documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas, mas sem especificar quais seriam os produtos nem seus princípios ativos. Já o parecer técnico confirma tratar-se de atividade de uma “biofábrica” envolvendo defensivos agrícolas, “químicos e biológicos”.
A Amaggi informou à coluna que recebeu autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso após um pedido de licenciamento apresentado em outubro de 2022.
Além de ser o portão de entrada do bioma Pantanal, Cuiabá também é conhecida como a capital do agronegócio. A região abriga grandes cultivos de soja, uma cultura intensiva que usa em larga escala agrotóxicos — ou, como prefere o agronegócio, defensivos agrícola. A legislação brasileira usa o termo agrotóxico.
Todos os defensivos são em algum grau tóxicos à saúde humana e ao meio ambiente, especialmente em uma região tão sensível quanto o Pantanal.
Segundo a empresa, a fábrica produzirá “bioinsumos” a partir de organismos vivos, como fungos e bactérias, com o objetivo de controlar doenças e pragas que comprometem as lavouras, “além de potencializar a eficiência da absorção de nutrientes pelas plantas”.
“Assim, contribuiriam para a redução do uso de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas, mitigando a emissão de poluentes e “promovendo uma agricultura mais equilibrada, sustentável e responsável”, afirmou a Amaggi em nota.
Mas não só o documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas. Na descrição do cartão do CNPJ da empresa, consta a mesma informação. Além de não esclarecer quais produtos serão fabricados, a Amaggi não disse em qual cultura o produto será usado nem qual o seu princípio ativo.
A Amaggi havia obtido em 2023 uma licença prévia com validade até 2027 para fabricação de defensivos agrícolas para o cultivo de soja na cidade de Sapezal, mas a licença foi cancelada por falhas na elaboração.
O estado do Mato Grosso é o maior produtor mundial de soja, uma cultura em que a família Maggi ocupa papel de destaque. Um de seus integrantes, Blairo Maggi, ficou conhecido como “Rei da Soja”. Foi senador, governador em dois mandatos consecutivos pelo estado do Mato Grosso, entre 2003 e 2010, e ministro da Agricultura no governo Michel Temer. Em 2019, Maggi deixou a política.
Soja e defensivos em Mato Grosso
A cultura da soja é o carro-chefe da produção brasileira e mato-grossense. A produção de grãos no estado deve crescer 4,4% e atingir 97,3 milhões de toneladas na safra 2024/2025, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em 14 de janeiro. Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%), Goiás (11,0%), Mato Grosso do Sul (6,7%) e Minas Gerais (5,7%).
Segundo dados da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso, o cultivo de soja convencional consome em defensivos  R$ 1.579,81 por hectare, enquanto a soja transgênica gasta R$ 1.143,79 por hectare. O plantio de soja no estado ocupa 12,66 milhões de hectares, com 60% da área dedicada à soja transgênica. Um hectare corresponde a 10.000 metros quadrados.
A coluna procurou ainda a Secretaria do Estado de Meio Ambiente do Mato Groso, perguntando quais produtos serão fabricados na planta da Amaggi e seus princípios ativos, mas não recebeu retorno. O espaço está aberto a manifestações.
 

Fonte: Olhar Direto

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