O pesquisador José Salvador Foloni apresentou os impactos do estresse hídrico na cultura da soja e as propostas de trabalhos da Embrapa para melhorar a resiliência da cultura frente aos fatores climáticos adversos.
Segundo ele, o impacto da seca na safra 2021/2022 na soja foi calculado em R$ 72 bilhões, com perdas severas principalmente no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná.
De acordo com o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, os avanços da metodologia de edição genética (CRISPR), que está sendo empregada no Brasil para inserir as características agronômicas relevantes, neste caso a tolerância à seca, sem abrir mão da produtividade.
“Neste caso a soja não será considerada uma OGM, pois não possui sequências gênicas de outras espécies e não precisa passar pelo processo de dispendioso de desregulamentação para acesso a mercados.”
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, citou casos de sucesso do Sistema CNA/Senar, como o programa Forrageiras para o Semiárido, que além de aumentar a produtividade, garantiu a resiliência e a capacidade produtiva de forrageiras no semiárido brasileiro mesmo em períodos de estiagem.
“O produtor está cobrando novas tecnologias e a pesquisa aplicada precisa se aproximar do setor privado para dar respaldo ao problema. Para isso aprofundaremos as discussões, com o apoio das Federações, para entendimento das melhores formas de compartilhamento de esforços em prol das novas tecnologias nas principais regiões produtoras”, afirmou.
Durante a reunião, a chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Gomes Rufino, falou sobre as atualizações do Programa Soja Baixo Carbono.
A iniciativa visa criar critérios mensuráveis das técnicas de manejo empregadas pelo produtor na produção de soja, com foco em ações de mitigação das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEEs). De acordo com a Embrapa, a proposta é criar uma metodologia brasileira baseada em protocolos científicos validados internacionalmente.
O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, disse que quantificar e promover a sustentabilidade da soja brasileira para o mercado internacional é um tema fundamental.
“Além de pensarmos em certificação, precisamos promover os princípios de melhoria contínua das propriedades rurais. Temos que escolher o caminho da liderança para o tema e a força e capilaridade do Sistema CNA/Senar será fundamental neste processo”.
A CNA pretende alinhar o tema com as Federações de Agricultura e os sindicatos rurais, além de convocar uma reunião da Comissão Nacional para validação e contribuição dos integrantes em relação aos dados apresentados pela Embrapa.